UM PAÍS QUE NÃO EXISTE MAIS

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Livro que resgata luta do jornal Movimento é lançado no Recife

A trajetória do semanário Movimento, que circulou de 1975 a 1981, está imortalizada no livro Jornal Movimento, Uma Reportagem, do jornalista Carlos Azevedo, que será lançado no Recife, nesta segunda-feira (31), às 19h, no Mar Hotel, em Boa Viagem, com a presença do governador Eduardo Campos, da Ministra do TCU, Ana Arraes, e do deputado estadual Luciano Siqueira, que foi correspondente e redator do Movimento no Recife, na década de 1970.



O lançamento será antecedido de debate sobre o tema Imprensa, ditadura e liberdade, com início marcado para as 17h, no mesmo local. Atuarão como debatedores principais o escritor Fernando Moraes; Ana Cláudia Elói, presidente do Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco; e Raimundo Pereira, diretor da revista Retrato do Brasil. A elaboração do livro teve a colaboração das jornalistas Marina Amaral e Natália Viana.

Um dos mais importantes instrumentos da resistência ao regime totalitário que dominou o País por mais de duas décadas, o jornal foi uma experiência ousada e bem sucedida tanto para os jornalistas que o faziam, que eram seus próprios patrões, quanto para seus 500 acionistas, entre os quais se encontravam jornalistas, intelectuais, profissionais especializados, estudantes e trabalhadores.

O livro, produzido com apoio do Ministério da Cultura (Minc) e patrocínio da Petrobras, é fruto de um ano e meio de trabalho de uma equipe que pesquisou os arquivos da época, descobriu documentos inéditos e realizou mais de 60 entrevistas. São 362 páginas, com dezenas de ilustrações, além de DVD contendo na íntegra as 334 edições do jornal digitalizadas.

História em Movimento
Jornal político, desde o início Movimento teve um programa definido, de clara oposição à ditadura militar e de defesa das liberdades democráticas, dos interesses nacionais e da melhoria das condições de vida dos trabalhadores.

O jornal sofreu censura prévia desde a primeira edição e continuou sendo censurado ao longo dos três primeiros anos de sua existência de seis anos e meio, o que levou a publicação a enfrentar graves dificuldades materiais. Mesmo mutilado pela censura, o jornal descreveu a vida e a luta dos trabalhadores e denunciou a exploração e os crimes contra os direitos humanos e as ameaças à soberania nacional.

A partir de 1978, com o fim da censura prévia, o jornal viveu importante recuperação de suas vendas e grande ampliação de seu prestígio ao promover campanha pioneira em favor da Assembleia Nacional Constituinte e da revogação da legislação de exceção, ao apoiar a candidatura presidencial de oposição do general nacionalista Euler Bentes Monteiro e ao dar sustentação à Campanha pela Anistia Ampla e Irrestrita.

Ao mesmo tempo, realizou a mais completa cobertura jornalística do processo de reanimação das lutas populares nas cidades e no campo, destacadamente a divulgação das greves e da afirmação do movimento operário no ABC e em outras regiões, acontecimentos definitivos para o processo de restauração democrática do país.

Ousadamente, Movimento buscava oferecer a seus leitores informações atualizadas tanto no cenário nacional quanto internacional. E sobre todos os fatos apresentava sua opinião, sintonizada com o ponto de vista popular e democrático, nacionalista e anti-imperialista. Tratava das divergências no então existente campo socialista e ao mesmo tempo das polêmicas dentro do governo ditatorial e no interior das forças da oposição democrática.

Acompanhou de perto o retorno dos exilados políticos após a anistia e relatou cada episódio da reorganização dos partidos políticos e da criação do Partido dos Trabalhadores.

Colaboradores
Nascido de uma grande mobilização política, o jornal reuniu em seu Conselho Editorial nomes como os de Alencar Furtado, Audálio Dantas, Chico Buarque de Holanda, Edgar da Mata Machado, Fernando Henrique Cardoso, Hermilo Borba Filho e Orlando Villas Boas.

Foram membros do seu Conselho de Redação personalidades como Perseu Abramo, Tonico Ferreira, Aguinaldo Silva, Eduardo Suplicy, Elifas Andreatto, Fernando Peixoto, Jean Claude Bernadet, Mauricio Azedo, Francisco Pinto e Raimundo Rodrigues Pereira.

Entre as centenas de pessoas que fizeram o jornal estão Carlos Nelson Coutinho, Caco Barcelos, Chico Caruso, Duarte Pereira, Guido Mantega, Laerte, Maria Moraes, Maria Rita Kehl, Paulo Cesar Pinheiro, Paul Singer, Ricardo Maranhão, Carlos Azevedo e Rubem Grilo.

Extraído do site http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=167562&id_secao=11

Nenhum comentário:

Postar um comentário