UM PAÍS QUE NÃO EXISTE MAIS

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Biografia de Karl Marx, o maior pensador da humanidade



Homem de Ciência e Lutador Socialista
“…Assim como Darwin descobriu a lei do desenvolvimento da natureza orgânica, Marx descobriu a lei do desenvolvimento da natureza humana [...] Marx descobriu também a lei específica que move o atual modo de produção capitalista e a sociedade burguesa criada por ele”. Mas ele não se contentava com os estudos,com as brilhantes conclusões a que chegava como resultado de suas investigações. O que considerava a verdadeira missão de sua vida? “…Marx era, acima de tudo, um revolucionário. Cooperar para a derrubada da sociedade capitalista, contribuir para a emancipação do proletariado. A luta era seu elemento.” (Engels, discurso no túmulo de Marx em 17/3/1883).
O interesse pelo estudo, pela pesquisa, para entender os fenômenos em sua essência e não apenas em sua aparência, acompanhou desde a mais tenra idade Karl Einrich Marx, que nasceu em Treves (Prússia, Alemanha) no dia 5 de maio de1818. O pai, Einrich Marx e a mãe, Henriqueta Pressburg eram de origem judaica. Os primeiros estudos foram no Liceude Treves, mas ele não se limitava aos ensinamentos da escola. Freqüentava a casa de Ludwig de Westafalen, funcionário do governo prussiano e homem de vasta cultura. Outro fator também atraía o garoto: uma bela menina, Jenny, filha do sábio amigo e também muito interessada em beber na fonte do conhecimento. Com ela, Marx casar-se-ia aos 26 anos e viveria a vida inteira.
Em 1835, foi para a Universidade de Bonn mas logo se transferiu para a de Berlim,“centro de toda cultura e de toda a verdade”, como a classificava o filósofo Hegel. Foi nela que depois de muito estudo, muita reflexão, se tornou um jovem hegeliano. Marx dedicou-se ao estudo da filosofia, do direito, da história, da geografia e expressava essa ânsia de saber nas cartas ao pai e em poesias.
Abandonou cedo os estudos de Direito para aprofundar os conhecimentos filosóficos e obteve o título de doutor em1841. Tentou uma vaga de livre docente,mas as universidades prussianas não simpatizavam com livres pensadores.
A oportunidade de trabalho surgiu quando um grupo de liberais da Renânia fundou um jornal, a Gazeta Renana e convidou os jovens hegelianos para a redação. Constatou então que para escrever sobre questões da atualidade, como as teorias do socialismo francês e as questões agrárias da Renânia, não bastava o saber filosófico, tornando-se necessário estudar a fundo a Economia Política e o Socialismo.
Os estudos da economia política e do socialismo levaram Marx a romper com a visão hegeliana e aderir ao comunismo. Em outubro de 1843, morando em Paris com Jenny, com quem se casara em setembro daquele ano, escreveu em Anais Franco-alemães, publicação que dirigiu: “…O sistema de lucro e do comércio, da propriedade privada e da exploração do homem, acarreta no seio da sociedade atual, um dilaceramento que o antigo sistema é incapaz de curar porque ele não cria nem cura, mas apenas existe e goza”.
Anais Franco-alemães publicou um trabalho intitulado Esboço de uma Crítica da Economia Política, que Max classificou de genial. Era de autoria de Friedrich Engels, que por sua vez acompanhava com admiração os escritos de Marx. Os dois se encontraram em Paris em setembro de 1844, ocasião em que nasceu uma amizade e uma parceria ímpares e fundamentais para a elaboração da teoria do socialismo científico (Sobre Engels,veja A Verdade nº 47).
Até ser expulso da França em 1845, a pedido do governo prussiano, Marx conviveu com os operários, conheceu seus movimentos, os socialistas utópicos e teóricos como Proudhon, com quem estabeleceu uma polêmica.
Proudhon escreveu A Filosofia da Miséria, obra em que criticava os utópicos, que pretendiam construir uma nova ordem social “sobre os sentimentos paradisíacos de fraternidade, de amor, de abnegação”. Propunha ação concreta, mediante a criação de grupos de produção autônomos, que trocariam entre si os produtos criados por eles, prescindindo da moeda e estabelecendo relações de cooperação e solidariedade. As atividades seriam organizadas de acordo com as necessidades da Comunidade .
Marx respondeu em A Miséria da Filosofia que Proudhon não compreendeu que as relações sociais entre os homens estão estreitamente ligadas às forças produtivas. No capitalismo, à medida que a burguesia se desenvolve, surge um novo proletariado; uma luta é travada entre a classe proletária e a burguesia, dado o caráter contraditório do sistema, pois as mesmas condições nas quais se produz a riqueza se produz a miséria. A única solução justa, diz Marx, porque provém da situação real, é organizar a classe oprimida para tornar a luta consciente. No decorrer dessas lutas é que nascerá a nova sociedade; aliás, ressalta, isso só poderá se suceder quando as forças produtivas tiverem atingido elevado grau de desenvolvimento.
O Manifesto Comunista e a organização do proletariado
Expulso de Paris, Marx foi para Bruxelas, onde ingressou na Liga dos Comunistas, organização dos operários alemães imigrados, à qual já pertencia Engels. A Liga definiu seus princípios e atribuiu a Marx e Engels a tarefa de dar-lhes forma e fundamentação teórica. Nasceu o Manifesto do Partido Comunistapublicado em 1848, que se tornou a bíblia do movimento operário revolucionário. O Manifesto trata de três temas essenciais:
1-  a história do desenvolvimento da burguesia. Sua obra positiva e negativa;
2-  a luta de classe e o papel do proletariado;
3-  a ação revolucionária dos comunistas.
Mal é editado o Manifesto Comunista, eclode a revolução de 1848, que destrona a monarquia reinstalada na França pela burguesia, e se espalha por toda a Europa. Marx foi imediatamente preso e expulso de Bruxelas. Engels conseguiu se engajar no movimento revolucionário e participou de várias batalhas. Com a derrota, deixou o país. Ambos foram viver na Inglaterra, Marx em Londres e Engels em Manchester, mas comunicavam-se diariamente e voltaram a ser vizinhos 20 anos depois. Nesse período Marx se dedicou à elaboração de O Capital, sua principal obra, e aos contatos com o movimento operário.
A idéia surgiu da correspondência entre militantes operários da Inglaterra e da França e em setembro de 1864 se fundou a Associação Internacional de Trabalhadores. A mensagem inaugural, redigida por Marx, destaca a necessidade de uma ação econômica e política da classe operária em favor da transformação da sociedade. Marx dedicou-se á Internacional de 1865 a 1871, ano em que ela foi dissolvida, graças à ação dos anarquistas seguidores de Michael Bakunine (ativista russo).
Pai doce, terno e indulgente
Foi a Internacional que levou o jovem militante Paul Lafargue a conhecer Marx, de quem se tornou discípulo, amigo, admirador e genro, pois se casou com Laura, uma de suas três filhas (O casal Marx/Jenny teve seis filhos – quatro meninas e dois meninos-, dos quais só três meninas sobreviveram [Jenny, Laura e Eleanor]).
É Lafargue quem detalha aspectos da vida pessoal de Marx, destacando sua energia incansável para os estudos e para a ação. Seu cérebro não parava e durante as caminhadas que faziam no final da tarde, discorria sobre questões relativas ao capital, obra que estava elaborando na época e da qual só redigiu o I Volume, tendo Engels escrito os dois seguintes, a partir das anotações que o amigo deixou.
Quando cansava do trabalho científico, lia romances, dramaturgia, conhecia de cor as obras de Shakespeare ou álgebra (chegou a escrever um trabalho sobre cálculo infinitesimal). Os domingos eram reservados para as filhas, uma exigência delas. “Pai doce, terno e indulgente, não dava ordens, pedia as coisas por obséquio, persuadia-as a não fazer aquilo que contrariasse seus desejos. E como era obedecido! As filhas não o chamavam de pai e sim de ‘mouro’, apelido que lhe deram por causa de sua cor mate, de sua barba e dos cabelos negros”.
O proletariado tomou o céu de assalto
Em fins de 1870, o proletariado francês voltava a efervescer e uma insurreição se anunciava. O Conselho Geral da Associação Internacional dos Trabalhadores avaliou que não havia amadurecimento das condições objetivas para assegurar o poder da classe operária e implantar o socialismo e emitiu resolução redigida por Marx, apelando para que “… utilizem, tranqüilamente e com energia, os meios que lhes oferecerem as liberdades republicanas a fim de poderem efetivar a organização de sua própria classe. Isso lhes proporcionará forças novas e gigantescas para a renascença da França e a realização da tarefa comum: a libertação do proletariado”.
Mas os operários parisienses não deram ouvidos; cansados da política antidemocrática, humilhados, no dia 18 de março de 1871 tomaram o poder e instalaram a Comuna de Paris, anunciando as primeiras medidas de construção de uma sociedade socialista. A duração foi efêmera, mas rica de experiências que Marx consolidaria na sua obra A Guerra Civil na França.
A Internacional deu todo o apoio possível ao proletariado francês em luta,tanto durante a guerra, como depois, protegendo os exilados e denunciando ao mundo a cruel repressão que a burguesia desencadeou sobre os operários parisienses e suas famílias.
Os últimos anos
Foram de sofrimento, com as doenças que lhe atingiram e à mulher, Jenny, que faleceu no dia 2 de dezembro de1881. Ao tomar conhecimento do fato, Engels comentou: “O mouro morreu também”. E não se enganava. Já debilitado,com problemas pulmonares , no dia 14 de março de 1883, o genial pensador faleceu repentinamente enquanto repousava numa cadeira em seu aposento de trabalho.
No sepultamento, sem cerimonial,como era seu desejo, junto à esposa, colaboradora e companheira de toda a vida, Engels discursou: “… É praticamente impossível calcular o que o proletariado militante da Europa e da América e a ciência histórica perderam com a morte deste homem…”
Legado e atualidade do marxismo
“Os filósofos buscam interpretar o mundo, enquanto nós queremos transforma-lo”, assim diferenciava Marx o materialismo histórico e dialético da filosofia clássica e mesmo da hegeliana. E o marxismo tem sido, de fato, guia para ação dos movimentos revolucionários dos trabalhadores em todo o mundo.
Apressada, a burguesia comemorou a derrocada dos regimes ditos socialistas da URSS e do leste europeu no final dos anos 80 e início da década de 90 e chegou a propalar o “fim da história”, deixando de observar que a tragédia se deu exatamente porque os dirigentes, atraídos pelo canto de sereia burguês, se desviaram do marxismo que norteou a Revolução Bolchevique de 1917, dirigida por Lênin, um genial discípulo de Marx.
Mas não demorou e o champanhe foi substituído por lágrimas, em decorrência dos conflitos que se sucederam nos quatro cantos do mundo e atingiram o centro do imperialismo.
Ao contrário, a evolução do capitalismo só tem comprovado as teses marxistas e seu caráter científico.
Globalização: por que a surpresa?
Nas suas jogadas de marketing, os teóricos da burguesia e seus meios de comunicação apresentaram a chamada “globalização” como algo novo, avassalador, que suplantaria qualquer resistência e bloquearia qualquer tentativa de transformação social. Ora, o capitalismo tem caráter mundial desde o seu surgimento: o que foram as grandes navegações? A colonização? É de sua essência,como afirmou o Manifesto Comunista, no ano de 1848: “… Pela exploração do mercado mundial, a burguesia imprime um caráter cosmopolita à produção e ao consumo em todos os países.”
Os fatos recentes comprovam também que quanto mais se desenvolve, mais o capitalismo “forja as armas que o levarão à morte”. A produtividade é cada vez maior, mas o avanço tecnológico que a possibilita produz um exército permanente de desempregados e comprime os salários dos que permanecem na ativa, reduzindo assustadoramente o número de consumidores. Por isso, as crises se repetem em ciclos cada vez menores e atingem tanto a periferia como os países centrais. Seu declínio e a vitória do proletariado são, portanto, inevitáveis.
Essa vitória não é automática, entretanto. Ela carece da ação do proletariado consciente e organizado enquanto classe “para si”, tendo à frente os comunistas, “parcela mais decidida e avançada dos partidos operários de cada país” e que têm uma visão internacionalista, capaz de fomentar a união mundial dos oprimidos, realizando a conclamação com que Marx e Engels concluíram o Manifesto: “Proletários de todos os países,uni-vos”.
Através dos séculos
Para finalizar essa tarefa hercúlea, falar sobre Marx em uma página, queda a minha pena, incapaz de expressar algo diferente ou que se aproxime, pelo menos, do que proferiu Engels ante o túmulo em que foi depositado o corpo do grande pensador e herói do proletariado: “…o homem mais odiado e caluniado pela burguesia morreu venerado e querido, chorado por milhões de trabalhadores da causa revolucionária. Seu nome viverá através dos séculos e, com ele, sua obra”.
Luiz Alves
(Publicado no Jornal A Verdade, nº 48)

Alemanha lançará nova edição do livro Mein Kampf, de Hitler

Será lançada pelo estado alemão da Baviera, no sudeste da Alemanha, uma nova edição comentada do livro Mein Kampf (Minha luta), escrito por Adolf Hitler, e que não é publicado no país desde 1945.

Markus Söder, ministro de finanças da Baviera, afirmou que o motivo da publicação é que os direitos autorais da obra, pertencentes ao estado, irão expirar em 2015, e que isso poderia levar grupos neonazistas a divulgarem amplamente a obra, levando mais jovens a conhecê-lo. Söder reconheceu que o livro ainda tem em si algo “místico”, o que explicaria seu poder de atração.
A nova edição, que terá versões para escolas e também em áudio-livro, incluirá comentários que supostamente refutarão os argumentos de Hitler, deixando o livro “sem atrativos”, o que impediria que os leitores fossem seduzidos pela propaganda do líder nazista.
A obra nunca foi oficialmente proibida no país. De um ponto de vista jurídico, o único impedimento à sua publicação era o fato deste estado ser o detentor dos direitos autorais dos títulos de uma das principais editoras do partido nazista, a Eher-Verlag, desde o final da Segunda Guerra Mundial. Isso, todavia, não impediu que Mein Kampf recebesse edições em outros idiomas.
Mas esta justificativa do estado, no entanto, parece apenas uma fraca racionalização de motivos obscuros não admitidos, não confessados. É no mínimo estranha – e muito suspeita, na verdade – a estratégia de lançar uma edição do livro agora, dando-lhe ampla publicidade, apenas para evitar que uma possível edição publicada por neonazistas seja um sucesso daqui a três anos, acreditando que notas de rodapé e nas margens sejam suficientes para combater uma obra que, como admite o próprio governo, seduz o leitor.
É preciso, antes de tudo, contextualizar o momento em que esta obra é relançada. A Europa passa por um período de agravamento da crise capitalista, a maior desde a crise de 1929, a qual precisou de uma guerra mundial para se recuperar e assim garantir mais algumas décadas de sobrevida ao moribundo sistema capitalista.
E diante do aumento da xenofobia, dos ataques aos direitos dos trabalhadores, do aumento dos gastos militares e das invasões imperialistas que se intensificam nos últimos anos, não há dúvidas de que esta publicação prenuncia um aprofundamento e uma polarização da luta de classes para breve.
Pois em um contexto de crise, não apenas os comunistas apresentam uma solução definitiva para todas as crises do capitalismo em geral – isso é, sua superação revolucionária em direção ao socialismo. A direita também apresenta suas propostas, as quais tomam forma no fascismo, entram em curso pelas guerras e se desenvolvem até a “solução final”.
Glauber Ataide, Redação de A Verdade
deu no site http://averdade.org.br/2012/04/alemanha-lancara-nova-edicao-do-livro-mein-kampf-de-hitler/?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+averdadepravda+%28Jornal+A+Verdade%29

sábado, 28 de abril de 2012

Derrotar Sarkozy e implantar a Frente de Esquerda

Após o primeiro turno das eleições francesas, em que a Frente de Esquerda foi a grande novidade, obtendo uma importante votação (11% dos votos), o PCOF – Partido Comunista dos Operários da França – lançou um comunicado que publicamos a seguir. Derrotar Sarkozy e Implantar a Frente de Esquerda O primeiro turno das eleições presidenciais foi, sobretudo, um fracasso de Sarkozy e de seu partido de direita, a UPM, que tinha como objetivo situar-se à cabeça no primeiro turno. O total dos votos da direita Sarkozy e Bayrou, Dupont-Aignant é um claro retrocesso em relação às eleições de 2007. O repúdio à Sarkozy, à sua política, à sua prepotência… está claro. Entretanto, evidentemente, são os resultados de Marine Le Pen que provocam mais inquietação. Le Pen melhorou os resultados obtidos em 2002. A estratégia de Sarkozy foi trabalhar com os mesmos temas reacionários de M. Le Pen, o que em definitivo beneficiou a ela. O imediato chamamento de Sarkozy aos eleitores da FN – Frente Nacional – foi para fortalecer os laços políticos e ideológicos que ele costurou com esse partido. As causas e fontes do voto na FN são múltiplos, em um contexto de profunda crise que alimenta o medo, a desistência, a frustração. M Le Pen manobrou com a forte hostilidade contra a construção européia, que generaliza a política de austeridade e menospreza a vontade dos povos. M Le Pen aglutinou a corrente de extrema direita «tradicional» reavivando seus temas reacionários. O combate contra a FN foi tratado frontalmente por Melenchon, o candidato da Frente de Esquerda, o que arrancou a máscara «social» com a qual ela pretendia camuflar-se, desautorizando-a a falar em nome dos trabalhadores. Era um combate inevitável e coube à Frente de Esquerda havê-lo realizado e demonstrado que é possível fazer a FN retroceder nesse terreno. Precisamos continuar este combate, com coragem e determinação, sobre os problemas nos quais a FN e M. Le Pen continuam enganando os setores populares. A Frente de Esquerda lançou uma dinâmica e uma força que marcou profundamente esta campanha eleitoral, expondo as exigências do movimento operário e popular mediante concentrações cada vez maiores nas praças das grandes cidades. Deu confiança a dezenas de milhares de homens e mulheres que se integraram nesta campanha e que querem seguir o combate por uma ruptura verdadeira com este sistema desumano. Esta força tem que continuar a se inserir e desenvolver nas áreas populares, ganhar a juventude, atrair cada vez mais sindicalistas e militantes que lutam pela emancipação da mulher, contra o Estado policial, a criminalização do protesto social, de todos os que lutam contra a política destruidora do meio ambiente, de todos os que lutam contra a política de guerra e trabalham para desenvolver a solidariedade entre os povos… Esse é o sentido do compromisso assumido no último grande comício da Frente de Esquerda para «continuar juntos», de manter viva a Frente de Esquerda para avançar para uma Frente Popular. As tarefas e compromissos próximos estão claros: *O 1º de Maio, nas ruas, com o movimento sindical, com as exigências sociais traçadas nesta campanha pela Frente de Esquerda. *No segundo turno das eleições, não pode faltar nenhum voto para derrotar Sarkozy e impedir assim a formação de um governo de direita-FN. * Lançar a Frente de Esquerda numa campanha para conseguir eleger o maior número de deputados sobre a base do programa da Frente de Esquerda. Partido Comunista dos Operários da França Membro da Frente de Esquerda deu no site http://averdade.org.br/2012/04/derrotar-sarkozy-e-implantar-a-frente-de-esquerda/?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+averdadepravda+%28Jornal+A+Verdade%29 Partido Comunista dos Operários da França Membro da Frente de Esquerda

Libros de Julio Cortázar disponibles en la web

Publicado em 27/04/2012 por telesurtv Unas 21 obras del escritor argentino Julio Cortázar se encuentran disponibles en la web bajo el formato de libro electrónico y pueden ser descargadas en www.leer-e.es/ teleSUR http://multimedia.telesurtv.net

quarta-feira, 25 de abril de 2012

A Revolução dos Cravos: “Foi bonita a festa, pá!”


Músicas e flores marcaram no 25 de abril de 1974 aquela que ficou conhecida como a Revolução dos Cravos. Às 23h do dia 24, o locutor das Emissoras Associadas anunciou a canção “E depois do Adeus”. Era a senha para o décimo Grupo de Comando tomar a RádioClube Portugal (RCP). E a meia-noite e meia, a Rádio Renascença tocou “Grandola, vila morena, terra da fraternidade, o povo é quem mais ordena dentro de ti, ó cidade”! Era a senha para as demais ações militares que vieram a seguir: ocupação da Central Telefônica, dos ministérios, da Rádio e Televisão Portuguesa (RTP). Quando o sol já brilhava, os capitães de abril tomaram o Banco de Portugal e logo chegaram ao Quartel do Carmo, onde se refugiara Marcello Caetano, primeiro-ministro que sucedeu o arquifascista general Antônio de Oliveira Salazar. Caía quase meio século (48 anos) de ferrenha ditadura. Não houve resistência. Os tanques passearam pelas ruas até os pontos estratégicos que deveriam ser ocupados. Até paravam nos sinais vermelhos e o povo, que se aglomerou para apoiar e aplaudir, distribuía flores com os soldados, os famosos cravos que enfeitaram os fuzis e se tornaram símbolo do movimento revolucionário. O 25 de abril não entusiasmou apenas o povo português, mas as forças populares do mundo inteiro. No Brasil, por vivermos ainda uma ditadura militar do mesmo quilate da portuguesa, e pela ligação histórica Brasil-Portugal, ele foi saudado com muito entusiasmo. Chico Buarque, com sua música denunciadora e profética, escreveu: “Sei que estás em festa, pá! Fico contente e enquanto estou ausente, guarda um cravo para mim” (Tanto Mar). Mas para entendermos o levante vitorioso de abril e os fatos que ocorreram a seguir precisamos recuar bastante no tempo. Paciência, que na história humana nada acontece por acaso. De dominado a dominador Portugal formou-se provavelmente na Idade do Bronze (2.000 a.C.- 8.000 a.C.), quando povos de origens diversas, em fluxo migratório, pararam diante do mar na Península Ibérica e se miscigenaram. Depois vieram as invasões, sucessivamente dos romanos, bárbaros e muçulmanos. Não há uma data que marque a independência do território português e sua constituição enquanto nação soberana. Foi um processo que se deu a partir do século XII. Há historiadores que identificam como momento decisivo as batalhas de 1383/1385, que tiveram ampla participação popular e derrotaram definitivamente os exércitos de Castela (Espanha). Os portugueses desenvolveram no litoral intensa atividade pesqueira e aprenderam muito bem a arte da navegação. Já em 1415, realizou-se a 1ª expedição ao norte da África, conquistando Ceuta, porta de entrada para uma região rica em cereais. A busca de novas terras é vista como forma de solucionar os graves problemas econômicos que atingem o país: desorganização da sociedade rural, domínio da burguesia comercial, expansão da economia europeia e de seu mercado consumidor. Para o povo português, representava também a oportunidade de emigrar para conseguir riqueza em outras terras. Em 1448, as expedições chegaram à Índia, firmando Portugal como potência naval e comercial. Portugal, entretanto ,não investiu os lucros obtidos no desenvolvimento industrial, tornando-se um entreposto comercial da Europa e constituiu-se enquanto império periférico, mantendo uma relação de dependência com o seu principal cliente, a Inglaterra. Quando se consolida a Revolução Francesa e a França passa a disputar com os ingleses a supremacia no continente europeu, Portugal está inteiramente alinhado com a Inglaterra, com quem mantém intenso comércio com base na produção agrícola brasileira. O declínio do império Em 1807, as tropas francesas (napoleônicas) invadem Portugal e a Corte se refugiou no Brasil, vivendo o império português a sua 1ª grande crise. Com a derrota de Napoleão (1814), Portugal passou a ser governado por uma Junta de Governadores que recebia instruções do Rio. A Corte permaneceu no Brasil até 1820 quando se deu a revolução do Porto, que reduziu os poderes do rei, estabelecendo uma monarquia constitucional, e exigiu o retorno do Dom João VI. A emancipação do Brasil (1822) destruiu os pilares do comércio português. Para compensar as perdas, o império volta-se para suas colônias na África. Com escassa industrialização e extrema dependência dos mercados externos a crise se agrava a cada dia. Incapaz de solucioná-las, a monarquia abre espaço para a articulação republicana, que unia setores médios (intelectualidade, militares) e setores das massas urbanas. A república foi proclamada em 5 de outubro de 1910, por meio de um golpe de Estado, desencadeado a partir de um atentado que vitimou o rei, D. Carlos e o príncipe Luís Felipe, herdeiro do trono. A era republicana começa com a disseminação das greves operárias contra o alto custo de vida e os baixos salários. O novo regime respondeu com uma lei de greve patronal e com repressão ao movimento. A classe operária foi posta à margem da vida republicana, uma vez que sua proclamação fora obra das elites, fazendo apenas circular o governo entre frações das classes dominantes. A primeira república durou até 1926, quando um golpe militar pôs fim à instabilidade política. Em 1928, o Governo do general Carmona convidou para pôr ordem na economia um professor da Universidade de Coimbra, Antônio Oliveira Salazar. Este acabou assumindo a chefia do Estado. Com a implantação de rigorosa ortodoxia econômica e implacável repressão política, o salazarismo unificou as classes dominantes e impôs uma ditadura de quase meio século (48 anos). A relação da ditadura salazarista com as Forças Armadas nunca foi tranqüila, especialmente após a Reforma Militar de 1937, que subordinou a instituição militar ao chefe do executivo (Salazar). Várias conjuras militares aconteceram e foram derrotadas nos anos 50 e 60. No meio popular, a luta se desenvolvia em rigorosa clandestinidade. A repressão dizimou centenas de quadros do Partido Comunista Português (PCP) e de outras organizações de esquerda. A queda do salazarismo começou na África com a derrocada do que restava do império colonial português. A exploração econômica já não compensava mais os custos sempre crescentes que o Estado português tinha de fazer para enfrentaras guerrilhas de libertação nacional que impunham cada vez mais derrotas ao império, especialmente em Moçambique, Angola, e Guiné-Bissau. Em 24 de setembro de 1973, foi proclamada a independência da Guiné, com o reconhecimento diplomático de 86 países, fato que demonstrou o isolamento da ditadura colonialista portuguesa, a essa altura já condenada pela ONU. A relação deficitária entre a metrópole e as colônias africanas aguçou a crise econômica interna e a insatisfação popular com o regime e o colonialismo, identificados como responsáveis pelo desemprego, os baixos salários e o esvaziamento do campo. Apesar da ditadura, os trabalhadores não deixaram de lutar e se organizar, criando as comissões clandestinas nos locais de trabalho e intervindo também nos sindicatos oficiais. No seio das Forças Armadas, o descontentamento crescia diante da redução dos gastos, a contabilização de milhares de soldados mortos no continente africano e a certeza que se instalava entre os oficiais de que seria impossível uma vitória militar. O falecimento de Salazar em 1968, substituído por Marcello Caetano, ex-reitor da Universidade de Lisboa, não alterou o quadro. A década de 1970 se inicia com o impulso das lutas operárias, especialmente a partir da 1ª metade de 1973. Daí, até abril de 1974, mais de cem mil trabalhadores participaram de greves nos centros industriais, nas grandes, pequenas e médias empresas e nas zonas agrícolas de Alentejo e Ribatejo. Numerosos sindicatos se libertaram de direções pelegas, havia um movimento em ascensão, que preparava um grande ato público para o 1º de maio em Lisboa e outros centros do país, marcando uma jornada de lutas por melhores salários, contra a carestia, mas também por liberdades democráticas,contra as guerras coloniais, por independência e paz. Por seu lado, o governo fascista articulava uma operação preventiva que no dia 30 de abril levaria para a prisão ativistas sindicais e populares. Não teve tempo. Os capitães de abril Em 9 de setembro de 1973, numa chácara nos arredores de Évora, nasceu o Movimento dos Capitães ou Movimento das Forças Armadas (MFA), que propunha o fim do colonialismo e a democratização da sociedade portuguesa. Setores mais conservadores das Forças Armadas planejaram tomar a bandeira dos capitães. Para isso, o general Antônio Spínola lança o livro Portugal e o Futuro em que defende a independência progressiva das colônias e sua união em uma “comunidade lusíada”, com a realização de eleições democráticas. Os dois grupos acabam se compondo. Isto garantiu, por um lado, a neutralidade do alto oficialato, permitindo uma ação incruenta, mas por outro, exigiu concessões no programa político, como explicou o major Otelo Saraiva de Carvalho: “O General (Spínola) travava o movimento de abril; os oficiais do movimento acertaram o programa com o general porque precisavam dele. Então foram feitas muitas concessões. O programa não saiu como queríamos” (JB, 11/10/74) Avanços e Recuos A ação militar vitoriosa de 25 de abril não foi articulada com o movimento de massas, mas incorporou em parte seus anseios. Por isso, foi defendida e apoiada, como relatamos no início, e mais ainda, no Dia do Trabalho. “Foi o maior dos maios. Só possível por causa de abril. Ali estiveram quase um milhão de portugueses, sem contar com as muitas centenas de milhares que estiveram no Porto, Braga, Aveiro, Coimbra, Santarém, Barreiro, Alentejo e outras centenas de localidades… A palavra de ordem era “O povo, unido, jamais será vencido”. As exigências eram o fim da guerra colonial, a restauração das liberdades democráticas e a justiça social”. O primeiro Governo Provisório, pós-abril, contemplou todas as forças, sendo palco de disputas e contradições, mas tomou medidas importantes: congelamento de preços dos bens de primeira necessidade, instituição do salário mínimo nacional, reconhecimento do direito de greve e associação. Depois de uma tentativa de golpe direitista em 11 de março de 1975, Spínola renunciou à presidência e Vasco Gonçalves assumiu a chefiado Conselho de Ministros. A esquerda assume o comando da Revolução. O novo governo toma medidas que implicam profundas mudanças econômico-sociais: estatização dos bancos e setores estratégicos da economia como energia, telecomunicações e transporte, além da construção civil, regulamentação do mercado, realização da reforma agrária no Alentejo e no Ribatejo. O patronato promove sabotagens, desorganiza a atividade econômica, enquanto o Movimento Operário, apesar de não se desmobilizar, reduz o número de greves. Isso ocorre, segundo Álvaro Cunhal, secretário Geral do Partido Comunista Português (PCP), em razão da “elevada consciência política da classe operária e dos demais trabalhadores”. Enquanto isso, no interior das Forças Armadas, a direita se articula. Um grupo de oficiais elabora o documento dos nove em que condena o radicalismo. Em 2 de setembro de 1975, uma assembleia do MFA define que a presença de Vasco Gonçalves no governo é incompatível com a coesão das Forças Armadas. Vasco é demitido. Em 25 de novembro de 1975, um grupo de pára-quedistas se subleva, num episódio que nunca foi devidamente esclarecido. Adireita caracterizou-o como insurreição de esquerda para tomar o poder. Mas a esquerda define-o como manobra da direita para justificar a direitização do regime. O fato é que o 25 de novembro marcou a exclusão da esquerda do MFA. Oficiais e soldados considerados radicais foram expulsos, licenciados, presos e transferidos para a reserva. Em 26 de fevereiro de 1976, eliminado a componente radical da revolução, novo acordo MFA- partidos políticos pôs Portugal na senda da democracia burguesa. Aos poucos, as conquistas da revolução dos Cravos foram eliminadas e o país integrou-se como sócio menor à União Europeia, sob a dependência dos monopólios capitalistas. A ferrenha censura proibiu a música de Chico Buarque em homenagem à Revolução de Abril em 1974. Quando foi liberada na vigência da “abertura lenta, gradual e segura”, ele teve que refazer a letra que se imortalizou: “já murcharam tua festa, pá, mas certamente esqueceram uma semente nalgum canto do jardim.”
deu no site http://averdade.org.br/2012/04/a-revolucao-dos-cravos-foi-bonita-a-festa-pa/?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+averdadepravda+%28Jornal+A+Verdade%29

sábado, 21 de abril de 2012

Historia del petróleo y YPF en Argentina

Publicado em 20/04/2012 por telesurtv El petróleo en Argentina comenzó en 1907 con la aparición del primer yacimiento en la región de la Patagonia. Años después, el entonces presidente, Hipólito Yrigoyen, fundó Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPF). En los 90, el gobierno neoliberal de Carlos Menem privatizó las empresas públicas, vendiendo la luz, el agua, las comunicaciones, los ferrocarriles, los aviones y el petróleo, trayendo a cambio desempleo y la peor crisis en la historia del país. YPF ya estaba en manos de Repsol. Ahora la presidenta, Cristina Fernández, anuncia la histórica decisión de recuperar el control sobre YPF. teleSUR http://multimedia.telesurtv.net

Novelas brasileiras passam imagem de país branco, critica escritora moçambicana



Temos medo do Brasil.” Foi com um desabafo inesperado que a romancista moçambicana Paulina Chiziane chamou a atenção do público do seminário A Literatura Africana Contemporânea, que integra a programação da 1ª Bienal do Livro e da Leitura, em Brasília (DF). Ela se referia aos efeitos da presença, em Moçambique, de igrejas e templos brasileiros e de produtos culturais como as telenovelas que transmitem, na opinião dela, uma falsa imagem do país.
“Para nós, moçambicanos, a imagem do Brasil é a de um país branco ou, no máximo, mestiço. O único negro brasileiro bem-sucedido que reconhecemos como tal é o Pelé. Nas telenovelas, que são as responsáveis por definir a imagem que temos do Brasil, só vemos negros como carregadores ou como empregados domésticos. No topo [da representação social] estão os brancos. Esta é a imagem que o Brasil está vendendo ao mundo”, criticou a autora, destacando que essas representações contribuem para perpetuar as desigualdades raciais e sociais existentes em seu país.
“De tanto ver nas novelas o branco mandando e o negro varrendo e carregando, o moçambicano passa a ver tal situação como aparentemente normal”, sustenta Paulina, apontando para a mesma organização social em seu país.
A presença de igrejas brasileiras em território moçambicano também tem impactos negativos na cultura do país, na avaliação da escritora. “Quando uma ou várias igrejas chegam e nos dizem que nossa maneira de crer não é correta, que a melhor crença é a que elas trazem, isso significa destruir uma identidade cultural. Não há o respeito às crenças locais. Na cultura africana, um curandeiro é não apenas o médico tradicional, mas também o detentor de parte da história e da cultura popular”, detacou Paulina, criticando os governos dos dois países que permitem a intervenção dessas instituições.
Primeira mulher a publicar um livro em Moçambique, Paulina procura fugir de estereótipos em sua obra, principalmente, os que limitam a mulher ao papel de dependente, incapaz de pensar por si só, condicionada a apenas servir.
“Gosto muito dos poetas de meu país, mas nunca encontrei na literatura que os homens escrevem o perfil de uma mulher inteira. É sempre a boca, as pernas, um único aspecto. Nunca a sabedoria infinita que provém das mulheres”, disse Paulina, lembrando que, até a colonização europeia, cabia às mulheres desempenhar a função narrativa e de transmitir o conhecimento.
“Antes do colonialismo, a arte e a literatura eram femininas. Cabia às mulheres contar as histórias e, assim, socializar as crianças. Com o sistema colonial e o emprego do sistema de educação imperial, os homens passam a aprender a escrever e a contar as histórias. Por isso mesmo, ainda hoje, em Moçambique, há poucas mulheres escritoras”, disse Paulina.
“Mesmo independentes [a partir de 1975], passamos a escrever a partir da educação europeia que havíamos recebido, levando os estereótipos e preconceitos que nos foram transmitidos. A sabedoria africana propriamente dita, a que é conhecida pelas mulheres, continua excluída. Isso para não dizer que mais da metade da população moçambicana não fala português e poucos são os autores que escrevem em outras línguas moçambicanas”, disse Paulina.
Durante a bienal, foi relançado o livro Niketche, uma história de poligamia, de autoria da escritora moçambicana.
Alex Rodrigues
Fonte: Agência Brasil

Tiradentes – a rebelião contra a opressão e a espoliação estrangeira do Brasil



É um sábado, 21 de abril de 1792. Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Faz sol, o céu está limpo. Uma multidão acompanha ansiosa a cena trágica: uma forca, um homem com uma corda em volta do pescoço. Muitos soldados cercam o patíbulo para que ninguém se aproxime. Um padre lembra que não se deve trair a rainha, nem em pensamento. O homem olha para o povo e ergue os olhos para o céu azul, reiteradas vezes, enquanto aguarda o momento fatal. De repente, o povo silencia. O homem é empurrado para o espaço. Os tambores rufam. A platéia solta um grito terrível. Tudo está consumado. Um corpo sem vida balança no ar.
Tudo começara três anos antes, quando um grupo de homens de Vila Rica, Minas Gerais, resolveu rebelar- se contra a opressão da Coroa Portuguesa. Nessa época, o principal produto que os invasores levavam do Brasil era o ouro, abundante nas terras mineiras. Em torno do ouro formou-se uma sociedade composta por mineradores, latifundiários, escravos negros, brancos pobres e um setor médio integrado por pequenos comerciantes, pequenos mineradores e funcionários do governo.
Os mineradores tinham de pagar um quinto do ouro extraído, à Coroa. A partir de 1750, com a queda da produção, foi estabelecida uma quota fixa de imposto, de cem arrobas de ouro, aproximadamente 1.500 kg. Quando a quota não era atingida, o governo da Província mandava arrecadar o que faltasse, de toda a população. Todos pagavam, fossem ou não mineradores, ricos ou pobres. A insatisfação era grande e generalizada.
Na Capitania das Minas Gerais, enquanto poucos enriqueciam, os escravos trabalhavam em condições subumanas para extrair o ouro e “milhares de homens viviam na miséria, passando fome, vagando sem destino pelos arraiais” (Laura de Mello e Souza, em Os Desclassificados do Ouro). Até os grandes mineradores viviam revoltados porque, além do imposto sobre o ouro, tinham de comprar a Portugal, que por sua vez importava da Inglaterra, tudo de que precisavam. Em 1785, a rainha de Portugal proibiu o funcionamento das indústrias brasileiras que, embora engatinhando, já forneciam tecidos, produtos de couro, ferramentas, moendas e armas brancas, a preço muito menor do que os ingleses. Com o acordo imposto pela Inglaterra a Portugal, os colonos passaram a gastar muito mais para adquirir tais produtos.
A revolta transforma-se em movimento
No final de 1788, os homens mais ricos, desesperados com o endividamento e informados de que o governo iniciaria a derrama cobrança do imposto em ouro em meados do ano seguinte, começam a falar em revolta. A população pobre também estava preocupada, pois sabia que a cobrança também recairia sobre ela. Aproveitando esse clima, um grupo de pessoas do setor médio poetas, padres, militares e mineradores começam a dar corpo a um Movimento pela Independência. Eles eram influenciados pelas idéias procedentes da França e dos Estados Unidos da América do Norte. Este havia proclamado sua independência da Inglaterra, em 4 de julho de 1776, após obter vitória na guerra civil; na França, estava em andamento a Revolução Burguesa que espalhava pelo mundo as idéias de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Do grupo de conjurados mineiros, participava um homem do povo que viria a ser nosso herói.
Quem era Tiradentes
Joaquim José da Silva Xavier nasceu em 1746, próximo a Vila Rica. Aos onze anos ficou órfão de pai e mãe e foi morar com seu padrinho que lhe ensinou a profissão de dentista, origem do seu apelido. Aos 20 anos trabalhou como tropeiro, transportando mercadorias numa tropa de burros entre Minas Gerais e o Rio de Janeiro. Numa dessas viagens, defendeu um escravo que estava sendo castigado, o que lhe valeu um processo. Para pagar as multas e as custas processuais, teve de vender sua tropa de burros. Trabalhou como minerador e, aos 30 anos de idade, sentou praça na 6a Companhia de Dragões, posteriormente Regimento de Cavalaria de Vila Rica. Tornou-se alferes, posto equivalente hoje a 2o tenente.
Insatisfeito por nunca ter sido promovido, apesar de ser dedicado e bravo, pediu licença do Regimento em 1787, aos 41 anos de idade, para tentar implantar projetos de canalização de água no Rio de Janeiro. Ele não era engenheiro, mas tinha vocação e muita capacidade prática, já tendo à época dirigido a construção de estradas. Entretanto, não conseguiu apoio financeiro para seus projetos.
Um desses contatos, em busca de apoio, mudou o rumo da vida de Tiradentes. Foi o seu encontro com José Álvares Maciel, filho de grande comerciante e fazendeiro de Vila Rica. Em vez de lhe emprestar dinheiro, Álvares Maciel propôs que ele participasse do movimento para libertar as Minas Gerais. Não era difícil medir a disposição de Tiradentes para a tarefa, pois nas suas viagens como tropeiro, militar e nessa última em busca de nova profissão, por onde passava ele falava contra a dominação portuguesa. Entusiasmado, Tiradentes volta para Vila Rica e integra-se ao grupo que está preparando a conjuração.
Liberdade, ainda que tarde – o que queriam os revoltosos
Proclamar a Independência e constituir uma República; desenvolver a agricultura, a pecuária, a indústria e a mineração; implantar uma Universidade; anular as dívidas com a Coroa Portuguesa. Esperavam que a vitória repercutisse no Rio de Janeiro, provocando um levante popular, mas estavam preparados para defender a sua República, mesmo sem a adesão de outros lugares. Tiradentes foi o único a defender a libertação dos escravos
Um exemplo de bravura e dignidade
A conjuração mineira tinha participantes oportunistas cuja única preocupação era se livrar das dívidas. Um deles, Joaquim Silvério dos Reis, resolveu denunciar o movimento, em troca do perdão de suas dívidas. O governador suspendeu a derrama e ordenou a prisão dos conjurados. O processo durou três anos. Todos foram condenados à forca, mas tiveram suas penas reduzidas por ordem da rainha Manoel Tiradentes, de Portugal. Apenas Lisboa justamente o homem do povo, teve confirmada a sentença de morte.
É importante refletir sobre o comportamento de Tiradentes na prisão e nos interrogatórios a que foi submetido, para conhecer a sua têmpera revolucionária. Ele foi apontado pelos outros como o a g i t a d o r, o r e s p o n s á v e l p e l o movimento. Alguns zombaram dele, classificando-o de louco, de rústico. Até o famoso poeta Tomás Antônio Gonzaga escreveu um verso na prisão, em que dizia: “Ama a gente assisada/ a honra, a vida, o cabedal tão pouco/ que ponha uma ação destas/ nas mãos de um pobre sem respeito e louco?”. Todos procurando agradar às autoridades, para livrarem-se da m o r t e . Ti r a d e n t e s t e v e u m comportamento exemplar: não entregou ninguém, assumiu toda a responsabilidade pela revolta, não devolveu as zombarias. Uma dignidade extraordinária.
A sentença que o condenou à forca foi cruel. Além da morte, determinou que “sua cabeça fosse cortada, levada a Vila Rica e pregada em lugar público até que o tempo a consumisse. O corpo, dividido em quatro partes a serem pregadas em postes pelos caminhos onde ele pregara a Revolução. Declarou infames os seus filhos e netos. Determinou o confisco dos seus bens; que a casa fosse destruída e no lugar fosse jogado muito sal, para que nada mais se edificasse”. Ao ouvir a confirmação de tal sentença, afirmou serenamente Tiradentes: “Se dez vidas tivesse, as dez vidas eu daria”.
As classes dominantes queriam atemorizar o povo, para que nunca se revoltasse. Pelo contrário, ficou o exemplo de dignidade, de bravura, da capacidade de dar a vida por uma causa justa, para que todos tenham vida e liberdade.
Tiradentes vive na luta
A burguesia apropriou-se indevidamente do nome de Tiradentes, elegendo-o, inclusive, como patrono da Polícia Militar, a mesma que continua sendo instrumento das classes dominantes para reprimir os sem-terra, os sem-teto, todos aqueles que lutam por seus direitos e se revoltam contra a opressão. É mais uma traição a Tiradentes, um herói do povo brasileiro. A Independência, pela qual ele deu a vida, ainda não foi conquistada. A derrama que motivou a Conjuração Mineira hoje acontece através da cobrança da dívida externa, que passou de US$ 148 bilhões em 1994 para US$ 235 bilhões em 1999. No ano passado (1998), 64% do orçamento da União foram destinados ao pagamento de amortizações, juros e serviços das dívidas externa e interna. A proibição do funcionamento das indústrias brasileiras acontece em nossos dias através do favorecimento aos grandes monopólios capitalistas estrangeiros com isenção de impostos e outros benefícios; com a entrega do patrimônio público ao grande capital estrangeiro e nacional (privatizações), da liberação de taxas sobre produtos importados. Tudo isso gera o fechamento das pequenas e médias indústrias nacionais, provocando desemprego, fome e miséria. Como na época de Tiradentes, o Brasil continua sendo espoliado pelo capital estrangeiro e os trabalhadores vivem na miséria, desempregados e vendo seus direitos desrespeitados. Por isso mesmo, vemos crescer em todas as partes deste país o mesmo sentimento de revolta que animou os revolucionários de Minas Gerais.
Vila Rica, hoje, é o Brasil inteiro. Que todo o povo se levante num movimento de libertação e derrube as classes dominantes e seus “Joaquim Silvério dos Reis” que governam o Brasil, construindo uma nova sociedade onde haja terra, trabalho e vida digna para todos. Tiradentes, nosso herói, estará iluminando esse caminho, juntamente com tantos bravos que tombaram na luta através da nossa História. A liberdade nunca é tardia.
“Liberdade, essa palavra 
Que o sonho humano alimenta 
Que não há ninguém que explique 
E ninguém que não entenda” 
(Cecília Meireles)
Luiz Alves(Publicado no Jornal A Verdade, nº 6 )

terça-feira, 17 de abril de 2012

ATO RELEMBRA 40 ANOS DA GUERRILHA DO ARAGUAIA.


Sábado, 14 de abril de 2012. A data que lembrou os 40 anos da Guerrilha do Araguaia ficou marcada por uma emocionante homenagem aos que tombaram, mas principalmente por um importante ato em defesa da busca pelos mortos e desaparecidos da ditadura militar e da justiça contra os que cometeram os assassinatos e ocultações. No mesmo evento, foi feito o lançamento da segunda edição do livro "Guerrilha do Araguaia – a esquerda em armas", do historiador Romualdo Pessoa Campos Filho.

Realizada no Memorial da Resistência – sediado no antigo Deops, no centro da capital paulista – a atividade reuniu mais de 200 pessoas. As exposições foram feitas pelo secretário nacional de Justiça e presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão Pires Jr., pelo procurador da República em Ribeirão Preto e membro do Grupo Direito à Memória e à Verdade do MPF, Andrey Borges Mendonça, e pelo professor Campos Filho.

“Temos muito orgulho de sermos de esquerda, de termos nos insurgido. O que a esquerda fez naqueles tempos não é motivo de vergonha, mas de muito orgulho”, disse Ivan Seixas, do Núcleo de Preservação da Memória Política, na abertura dos trabalhos. “Aquelas pessoas que estiveram presas, que foram torturadas, como Dilma Rousseff e tantos outros, estão aí, contribuindo para melhorar o Brasil. E que contribuição deram aqueles que prenderam, que mataram?”, questionou.

Logo após a exibição de um breve vídeo em que todos os mais de 60 guerrilheiros foram lembrados, Romualdo Pessoa Campos Filho falou sobre o seu livro. Emocionado, dedicou a obra – cuja primeira edição foi lançada em 1997 – à sua filha Ana Carolina, vítima de leucemia em 2007 aos dez anos.

Ao relatar a trajetória que o levou a escrever o livro, lembrou que o impulso principal era a necessidade de contribuir para que a Guerrilha do Araguaia fosse inserida na história brasileira. “E este episódio ainda é uma história inacabada”, disse, em referência às muitas informações ainda não tornadas públicas sobre o ataque das Forças Armadas e o paradeiro dos corpos. Até hoje, apenas dois militantes, Maria Lúcia Petit e Bergson Gurjão Farias, tiveram seus restos mortais encontrados, identificados e sepultados.

Campos Filho recordou que o movimento de resistência “foi dizimado devido à grande truculência usada pelos agentes”. E lamentou que “muitas pessoas que viveram aquele período ignorem a Guerrilha ou desqualifiquem aqueles que deram sua vida pela democracia partindo de uma análise anacrônica dos fatos”.

Baseado especialmente na narrativa dos camponeses que testemunharam as ações da ditadura, o livro de Campos Filho é um importante documento de resgate histórico sob a óptica do povo mais simples da região do Araguaia, condenado ao sofrimento e à miséria por ter ajudado os comunistas. “Muita gente desinformada diz que os camponeses contam histórias para poderem receber indenização. Mas, vou à região desde 1992, quando iniciei minha pesquisa, e já naquele momento eles contavam o que viram, mesmo sem nenhuma perspectiva de reparação”.

Por fim, disse que contar essa história era um compromisso “com os camponeses, com os familiares que lutam até hoje para descobrir a verdade e com a nossa história. A história se constrói com fatos concretos. Pode-se esconder a verdade por um tempo, mas não para sempre”.

Resquícios autoritários em tempos democráticos
O procurador Andrey Mendonça abriu sua exposição dizendo que “a democracia brasileira tem muito mais enclaves do autoritarismo do que podemos imaginar. Um exemplo é o desinteresse de boa parte da população pelas lutas políticas e sociais. Isso foi construído na ditadura porque quem tem acesso à informação, quem sabe, não se deixa enganar”. Segundo ele, “não se imputa às Forças Armadas a responsabilidade que tiveram [nos crimes cometidos]. A cultura da impunidade ainda é muito forte”. Como herança do período, citou também o alto grau de militarização das políticas de segurança pública e as constantes violações aos direitos humanos.

De acordo com o procurador, superar essa herança depende de uma depuração, que deve ser feita a partir da justiça de transição. Ele citou como principais alicerces desse processo a busca da verdade; a reparação não apenas econômica, mas também simbólica; a reforma da justiça e do Código Penal e a justiça. “Por mais de 30 anos, o MP não fez nada, o judiciário não fez nada”, denunciou.

Mendonça explicou que a decisão do STF sobre a validade da Lei da Anistia não é incompatível com a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que condenou o Brasil pelas mortes no Araguaia. “O país deve cumprir a sentença”, declarou. “Enquanto os corpos não forem encontrados, continua sendo cometido o crime de sequestro. Os parentes das vítimas têm o direito de enterrar seus corpos. Ninguém pode privá-los disso”.

O Estado pedindo perdão
Ao longo de sua gestão à frente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão Pires Júnior teve uma difícil, porém nobre missão: pedir perdão, em nome do Estado brasileiro, aos que foram perseguidos, presos e torturados pelos agentes da ditadura. Depois de tantas sessões da Caravana da Anistia, ele avalia que o julgamento que concedeu reparação aos camponeses do Araguaia – cuja audiência foi realizada em praça pública na cidade de São Domingos do Araguaia (PA) em 18 de junho de 2009, diante de dezenas de pessoas – foi o mais emblemático de todos. “A Guerrilha do Araguaia é um patrimônio da sociedade brasileira”, enfatizou.

Pires Júnior lembrou que em muitos momentos o pagamento das indenizações foi menosprezado. “A reparação é um dos pilares da justiça de transição; não é nenhum demérito, mas tentaram transformá-lo numa espécie de ‘cala-boca’. Pelos processos de reparação, as vítimas tiveram visibilidade e a sociedade pôde conhecer melhor sua própria história”. De acordo com Pires Júnior, esta é uma ferramenta importante para “se enfrentar o negacionismo, o esquecimento”.

Ele salientou que assim foi possível desmascarar “a falácia da ‘ditabranda’, como se uma ditadura fosse medida pelo tamanho da pilha de corpos que faz e não pelos traumas que causa por anos e anos na sociedade”.

O secretário de Justiça lembrou ainda que é preciso reformular o conceito do brasileiro como homem cordial. “Há uma tarefa histórica nova: lutar para que os antropólogos descrevam os brasileiros como homem resistente”.

Segundo ele, nesse processo de resgate histórico, é necessário ainda “superar a falsa concepção de que é preciso abrir mão da justiça para se alcançar a verdade. Ambas são faces de uma mesma moeda”. Ele também aposta no que chamou de circularidade dos mecanismos, em que a reparação leva à verdade e a descoberta da verdade também leva a um maior número de reparações.

Para Paulo Abrão Pires Júnior, depois de a sociedade ter conquistado e efetivado a democracia, está na hora de buscar a concretização de um terceiro momento: o aprofundamento das relações democráticas, o que não pode ser feito sem que se conheça de fato o passado. “Ainda há muita exclusão, nossa elite ainda é colonizada. Mas, surgem novos atores sociais: a juventude está indo às ruas em nome dessa bandeira”. Portanto, concluiu, “a luta dos guerrilheiros ainda está viva”.

Homenagens
O ato foi finalizado com uma homenagem aos que lutam e lutaram pela democracia: José Moraes Silva (o Zé da Onça), presidente da Associação dos Torturados do Araguaia, representando a resistência dos camponeses; José Dalmo Ribeiro Ribas, irmão do guerrilheiro Antonio Guilherme Ribeiro Ribas, representando a luta dos familiares pela verdade e a justiça e Andrey Mendonça, por denunciar na Justiça Federal de Marabá o coronel da reserva do Exército, Sebastião Curió Rodrigues de Moura pelo crime de sequestro qualificado de cinco pessoas na Guerrilha do Araguaia.

Durante a entrega das placas de homenagem, o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, lembrou que a exemplo da Comuna de Paris, que Karl Marx classificou como “assalto aos céus”, a Guerrilha foi “um ato de audácia na busca por um novo mundo. Agora, temos de aprofundar a conquista democrática, ir além, como nossa juventude está fazendo”.
Presente ao ato, o vereador Jamil Murad – que se tornou militante comunista em 1968 através de Dalmo Ribas – disse que “o futuro da nação depende da sua juventude. E os guerrilheiros, a maioria jovens, deu exemplos inesquecíveis de luta abnegada por uma pátria livre, soberana, justa e democrática. Mais dia, menos dia, esse novo país será conquistado”.

Segundo o historiador Augusto Buonicore, da direção da Fundação Maurício Grabois, uma das promotoras do ato, “eventos como este contribuem para levar, especialmente para a juventude, a importância de se resgatar a nossa história de resistência, de luta, contra a ditadura. Depois de quase 40 anos da Guerrilha e 48 anos do golpe, a juventude retoma as ruas para pedir justiça e o direito à verdade”.

Estiveram também presentes ao ato Adalberto Monteiro, presidente da Fundação Maurício Grabois, uma das promotoras do evento; Zezinho do Araguaia, um dos guerrilheiros; o assessor do Ministério da Defesa, José Genoíno; Clara Charf, viúva de Carlos Marighela; os presidentes estadual e municipal do PCdoB, Nádia Campeão e Wander Geraldo; o secretário sindical do PCdoB, Nivaldo Santana; o secretário especial de Articulação da Copa em São Paulo, Gilmar Tadeu Ribeiro Alves e o membro da Comissão de Anistia, Egmar José de Oliveira, entre outros.

Fonte: www.fmauriciograbois.org.br