UM PAÍS QUE NÃO EXISTE MAIS

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Documentário "Nome Frio" retrata Betinho na época em que ele viveu em Mauá como militante

Che Guevara ONU 1964

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Carta aberta à Comissão, de Ribamar Bessa Freire

Ao contrário de outros países, a Comissão da Verdade não poderá, lamentavelmente, punir ou perseguir judicialmente os agentes do Estado, cujos salários eram pagos pelo contribuinte e que praticaram tais crimes hediondos contra a humanidade.
Ofício nº 01/2011 Assunto: Cadê o Thomazinho? Senhores Membros da Comissão da Verdade,
Saudações,
Daqui, das páginas do DIÁRIO DO AMAZONAS, escrevo-lhes para solicitar que esclareçam o paradeiro de Thomaz Antônio da Silva Meirelles Neto, o único amazonense incluído na lista oficial de desaparecidos na ditadura militar. Sei que a Comissão não foi constituída, que seus integrantes sequer foram escolhidos, que sua estrutura ainda será votada no Senado, nos próximos dias. Se me antecipo, é apenas para garantir um lugar na fila. É que são centenas de desaparecidos, e apenas sete os membros da Comissão que, entre outras tarefas, terá de descobrir, no prazo de dois anos, o que aconteceu.
Assim, quando a presidente Dilma indicar os nomes, a Comissão já encontrará sobre sua mesa este ofício, contendo dados que podem facilitar vosso árduo trabalho. Anotem: Thomazinho nasceu em 1º de julho de 1937, em Parintins. Mudou para Manaus em 1950, onde estudou no Colégio Estadual do Amazonas. Viajou para o Rio de Janeiro, em 1958. Foi eleito secretário-geral da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes) em 1961. Ouçam o depoimento do titiriteiro Euclides Souza, que hoje vive no Paraná e com ele conviveu naquela época:
“Viajei com Meirelles por todo o Brasil na UNE-volante, ele representava a União Nacional dos Estudantes e eu o CPC- Centro Popular de Cultura. Como nós dois éramos caboclos e comunistas, ficávamos sempre no mesmo quarto e passávamos as noites discutindo cultura popular e socialismo”.
Foi aí que Thomazinho ganhou uma bolsa de estudos para a Universidade Lomonosov, em Moscou. Lá, casou com Miriam Marreiro, uma amazonense que estudava Direito na Universidade Patrício Lumumba. Com ela teve dois filhos: Larissa, nascida na Rússia, em 1963, e Togo, no Brasil, para onde o casal voltou depois do golpe militar de 1964.
Acontece que quando Thomazinho saiu do Brasil, quem governava o País era um presidente eleito democraticamente pelo voto popular.
Quando voltou, a situação era outra. Os militares, descumprindo o juramento que fizeram de obedecer às leis vigentes, haviam rasgado a Constituição e ocupado o poder pela força, instaurando uma ditadura militar. Thomaz e outros companheiros deram, então, combate à ditadura. Quem estava na ilegalidade eram os militares e não os que contra eles lutavam.
Por causa de sua luta, Thomazinho foi preso e torturado. Saiu da prisão, todo quebrado. “Meu filho estava bastante machucado, tinha muitas marcas no corpo” – revelou sua mãe, dona Maria, que conversou com ele em fevereiro de 1973, num “ponto” em Copacabana. Essa foi a última vez que o viu. Ele permaneceu na clandestinidade até ser preso outra vez no dia 7 de maio de 1974.
Senhores, de acordo com o projeto aprovado nesta semana pela Câmara de Deputados, a Comissão da Verdade poderá colher testemunhos, receber documentação com garantia de anonimato e requisitar informações de órgãos públicos, mesmo aquelas classificadas como sigilosas. Requisitem, portanto, documentos do Arquivo do Dops/SP, onde está registrada a prisão de Thomazinho, efetuada quando viajava do Rio para São Paulo.
Busquem, senhores membros da Comissão da Verdade, o Relatório do Ministério da Marinha, que confirma a prisão de Thomazinho. Chequem a notícia publicada pelo Correio da Manhã (03/08/79) que revelou uma lista com 14 mortos, entre os quais está o nome de Thomaz Meirelles, cujo corpo até hoje não foi localizado. Identifiquem e convoquem, para serem ouvidos, aqueles que violaram os direitos humanos, torturaram e mataram presos que estavam sob a guarda do Estado.
Ao contrário de outros países, a Comissão da Verdade não poderá, lamentavelmente, punir ou perseguir judicialmente os agentes do Estado, cujos salários eram pagos pelo contribuinte e que praticaram tais crimes hediondos contra a humanidade. Mesmo assim, senhores, descubram os nomes dos assassinos de Thomazinho, localizem seu túmulo para que possamos ir lá depositar uma flor e fazer uma oração, como queria sua mãe, que morreu sem qualquer informação sobre o seu paradeiro.
Nem mesmo o sistema ditatorial mais cruel da história da humanidade aprovou uma lei determinando a ocultação de cadáveres. A família e os amigos dos desaparecidos têm o direito de saber o que aconteceu com eles, da mesma forma que a sociedade brasileira tem o direito de conhecer a história e de construir uma narrativa sobre ela, para evitar que tais crimes sejam cometidos outra vez. Foi o que foi feito na Argentina, no Chile, no Peru. Só dessa forma Thomazinho e tantos outros “desaparecidos” poderão descansar em paz.
Se for possível, senhores membros da Comissão da Verdade, levantem também os nomes dos índios Waimiri-Atroari, Krenhakore, Kané, Surui, Cinta Larga e tantos outros que foram assassinados porque se opunham aos projetos de exploração econômica da ditadura militar.

Extraído do site http://blogs.d24am.com/artigos/2011/09/25/carta-aberta-a-comissao/

sábado, 24 de setembro de 2011

Rapazes visitam Cuba para ver lugares onde Che Guevara esteve


André Fran, Bruno Pesca, Felipe Ufo e Leondre Campos viajam para o interior de Cuba, com intenção de conhecer como é a vida na ilha fora de Havana. Eles visitam a cidade de Santa Clara, local-chave na atuação de Che na Revolução Cubana.
Do site www.Globo.com

Bola de Nieve - Drume Negrita

Juiz argentino pede a Obama libertação dos 'Cinco cubanos'

"A fortaleza não implica crueldade". Essa foi a frase que resumiu a carta escrita pelo juiz da Corte Suprema da Argentina, Eugenio Raúl Zaffaroni, ao presidente Barack Obama, em defesa da libertação dos cinco cubanos acusados de espionagem e presos há 13 anos nos Estados Unidos.
Zaffaroni, que é professor emérito da Universidade de Buenos Aires, lembrou que o processo no qual foram condenados Ramón Labañino, Antonio Guerrero, Fernando González, René González y Gerardo Hernández “resulta pelo menos discutível ou pouco transparente, o que inclusive é reconhecido nos âmbitos adequados da ONU.”

Segundo o magistrado argentino, “o passar do tempo transformou a questão jurídica em matéria política, o que torna muito difícil chegar ao fundo da questão de forma imparcial”, e por isso Obama deve considerar a comutação das penas para “pôr fim a uma situação duvidosa que a estas alturas não pode ser resolvida por meio de decisões jurisdicionais”.

Símbolo da disputa entre os EUA e a ilha então comandada por Fidel Castro, os cinco cubanos foram presos por agentes do FBI em 1998. Descobertos ao lado de outros agentes —que conseguiram a liberdade após se declararem culpados e revelarem como o grupo operava—, "Os Cinco" se mantiveram em silêncio e foram condenados a penas que variam entre 15 anos e prisão perpétua por espionagem e conspiração.

Segundo as autoridades cubanas, eles eram agentes do país que atuavam em território norte-americano para impedir atos terroristas contra Cuba—especialmente de grupos exilados após a revolução de 1959 na região de Miami. Havana assegura que eles não representavam ameaça para a segurança dos Estados Unidos. O grupo permanece recluso em penitenciárias de segurança máxima.

Críticos da condenação, como a ONG Anistia Internacional, afirmam que os ex-agentes não tiveram um processo justo, e que a decisão da Justiça norte-americana foi política, por conta da falta de evidências durante o julgamento.

Na carta a Obama Eugenio Zaffaroni diz ainda que, na hipótese de os acusados serem culpados, suas penas não devem ser “cruéis” ou “desproporcionais”. Para ele, os cubanos não representam à segurança do país um risco “de tal magnitude, que mereça uma pena maior que a que já cumpriram os mencionados cidadãos”.

Zaffaroni ressalta que durante a atividade dos cubanos no país “não se produziu a morte de nenhuma pessoa nem se pôs em perigo concreto a vida de ninguém”, e que a magnitude das condenações “excedem em quase todos os casos a vida útil dessas pessoas”, equivalendo a penas de morte.

O juiz afirma saber que as razões de política interna poderiam ser um obstáculo à concessão do mesmo. O magistrado argumenta, no entanto, que a liberação dos cubanos reforçaria a imagem de “boa vontade e generosidade” dos EUA e do governo norte-americano para a comunidade internacional, assumindo “um valor simbólico de máximo significado”.

“Contribuiria para paliar velhas desavenças que a cada dia vão perdendo mais sentido no atual momento do mundo, urgida por outras demandas e riscos. Insistir em velhos rancores provoca nas novas gerações a sensação de assistir os ódios dignos de museu e desvaloriza a imagem de seriedade e realismo que a vida política deve transmitir, para não ser desprezada por aqueles que nos sucederão”, escreve.

Perfil

Reconhecido internacionalmente por sua reputação como criminalista, Zaffaroni foi apoiado por juízes argentinos e de vários países da América Latina ao ver-se envolvido em uma série de acusações sobre o uso de propriedades para serviços de prostituição, há cerca de dois meses. O magistrado alegou desconhecer a utilização dada aos seus apartamentos, administrados por um terceiro.

As acusações levaram políticos opositores a pedirem a renúncia do magistrado, nomeado como ministro da Corte Suprema pelo ex-presidente Néstor Kirchner. O ex-chefe de Estado renovou a instituição judicial, antes comandada por muitos juízes remanescentes do período presidencial de Carlos Menem (1989-1999).

A trajetória de Zaffaroni reforça, na Argentina, a campanha pela libertação dos cinco cidadãos cubanos presos nos Estados Unidos sob acusação de espionagem, que conta com o apoio do ex-jogador e ex-técnico da seleção argentina Diego Armando Maradona, de Estela de Carlotto e Hebe de Bonafini, presidentes das associações das Avós e Mães da Praça de Maio e do Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel.

Fonte: Opera Mundi

extraído do site http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=7&id_noticia=164738

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

SBT -- Amor e Revolução - Carlos Eugênio da Paz - Depoimento #13

Então você quer ser escritor? artigo de Nilton Bobato *

Plagiado, carinhosamente, do título da mais recente obra de Miguel Sanches Neto, o título deste artigo quer sugerir que nos embrenhemos a responder uma pergunta que raramente é feita por alguém que sonhe ser escritor. Estamos falando aqui daquele ser, geralmente um leitor, insatisfeito com seu meio, que se julga criativo e observador do cotidiano e que quer fazer literatura, aquela de ficção ou poesia. Afinal o que é este ofício? Como e do que vive este ser em um país de tão poucos leitores?

Esta indagação ganha novos ingredientes cada vez que presencio uma palestra com algum autor e comprovo que dez entre dez nomes da nossa literatura, que se propõem a palestrear pelo país afora, falam do seu processo criativo e dão dicas da serventia da literatura, além de desanimarem a plateia presente com histórias sobre as dificuldades e a solidão da vida de escritor.

As táticas são as mais variadas possíveis, mas integram um bom repertório. Alcione Araújo dá uma utilidade para a ficção, Cristovão Tezza sustenta que ninguém quer contratar um escritor, Antônio Torres desloca a plateia do eixo da terra com suas declarações de amor à palavra escrita. Há muitos outros e outras, todos muito bons, dedicados e apaixonados. E cito só alguns dos mais bem sucedidos autores nacionais da literatura contemporânea. Você pode escolher seu palestrante preferido.

Uma das falas que mais me alertou para as dificuldades do ofício de escritor foi uma de Ignácio Loyola Brandão, dias atrás em Foz do Iguaçu. Ele garantiu que chegou a reescrever 38 vezes o final de um conto, até achar a entonação que ele considerava ideal. Já lera vários artigos sobre a depuração do texto, a necessidade de revisá-lo diversas vezes, como o mais conhecido de Graciliano Ramos: deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes..., mas a declaração de Loyola Brandão, talvez por ser oral e por estar ali vendo o sujeito contar aquela história, me fez perguntar: como um novo autor conseguirá este nível de perfeição?

O sujeito, na vida moderna, embrutecida pela disputa de espaço nesta sociedade capitalista selvagem, tem que estudar, ler, trabalhar em um ou dois lugares... Como se dedicar ao ofício de escritor e sobreviver?

Peguei meu Prosa de Estrada, coletânea de contos escritos nos últimos seis anos (lançado neste final de semana), revisando-os quantas vezes eu pude, contando com a ajuda de alguns amigos: Izaura, Gabriela e Emerson, leitores, revisores e conselheiros. Mesmo assim, na melhor das hipóteses cheguei a dez releituras de cada texto, os mais complexos. Olho para eles, depois de impressos e o livro lançado, e vejo, cheio de culpa, que em boa parte ainda poderiam ter sido melhores resolvidos em vários aspectos e detalhes.

Será que o ofício de escritor é para quem tem mais paciência ou é para quem tem mais tempo ou oportunidade para se dedicar a arte? Os atarefados devem ser excluídos ou devem optar? Um escritor de ocasião jamais produzirá trabalhos com a qualidade que exige a literatura?

Veja que estamos tratando apenas de uma faceta do ofício do escritor: a tarefa de depurar um texto, que só depende do indivíduo, do seu talento, da sua paciência, de sua serenidade, de suas escolhas, de seus anseios, de sua criatividade ou capacidade de análise de seus próprios textos.

Este artigo poderia citar outras nuances, como a falta de investimento público ao fomento literário, o baixo número de leitores, a invasão da literatura estrangeira de qualidade duvidosa que garante ganhos às editoras sem os riscos que teriam que correr investindo em talentos nacionais, as dificuldades de circulação, etc, etc. Como o limite de caracteres não permite, vamos ficar somente na pergunta que eu me fiz quando ouvi Loyola Brandão: terei eu condições de rever um texto 38 vezes antes de publicá-lo?

Então, você quer ser um escritor?


* Vereador do PCdoB em Foz do Iguaçu (PR), membro do Conselho Nacional de Política Cultural, professor e escritor.

extraído do site: http://www.vermelho.org.br/coluna.php?id_coluna_texto=4265&id_coluna=95

Após encontro com Fidel, Morales diz que ele está 'forte' e 'lúcido'‎

O presidente da Bolívia, Evo Morales, encerrou uma visita de 48 horas a Cuba depois de se encontrar com o ex-mandatário de Cuba Fidel Castro, que, segundo ele, está "muito recuperado", "forte", "lúcido" e "caminhando normalmente".




Morales explicou aos jornalistas, antes de embarcar no aeroporto internacional de Havana, que ficou com Fidel por cerca de três horas, que ele "está muito lúcido" e que continua "aprendendo" com o ex-líder.

"Fico impressionado, como sempre, com sua sabedoria e suas reflexões. (...) É uma grande alegria e orgulho para mim seguir aprendendo com ele", destacou Morales.

Durante a viagem oficial, o presidente boliviano também se encontrou com seu par cubano, Raúl Castro. Ambos classificaram como "excelentes" as relações bilaterais.

O mandatário chegou a Havana junto com o chefe de Estado da Venezuela, Hugo Chávez, que ao longo dessa semana será submetido, em Cuba, à quarta etapa da quimioterapia, a qual está sendo submetido como parte do tratamento contra um câncer.

Em uma entrevista à televisão cubana, Morales disse que em Nova York, onde participará da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), vai discursar contra o capitalismo e criticará o Conselho de Segurança do órgão por viabilizar os bombardeios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) sobre a Líbia.

Além disso, o mandatário boliviano acusou os Estados Unidos de terem uma nova política de "causar problemas internos" em países inimigos de Washington e depois impulsionar intervenções estrangeiras.
extraído do site http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=164433&id_secao=7

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A AVENTURA DOS QUE LUTAM CONTRA O TERRORISMO NOS EUA de Emir Sader

Extraído do site


Mesmo se fosse ficção, a história desses personagens já seria sensacional. Mas se são reais e se dão no epicentro da guerra fria – entre Cuba e os EUA, entre Havana e Miami -, com personagens reais, que têm sua trajetória verdadeira reconstruída com maestria por um dos melhores escritores que temos - só poderia dar um livro extraordinário.

Fernando Morais diz que quer, com suas obras, de Olga a Paulo Coelho, passando por Chatô, entre tantas outras – ajudar a entender o Brasil. Com "A Ilha" nos ajudou a entender a Cuba, com "Os últimos soldados da guerra fria", nos permite entender melhor a América Latina, sua relação com os EUA e, portanto, um dos eixos que articulam o mundo contemporâneo.

O cenário é uma das duas esquinas da guerra fria – a outra era Berlim dividida -, que quase levaram a um enfrentamento bélico entre as duas superpotências. A trama tem a ver diretamente com isso. Daí a intensidade que ganham as situações de tensão, entre países, refletida em personagens concretos, reconstruídos com maestria por Fernando.

Cuba era, literalmente, o “pátio traseiro” dos EUA. Toda a economia cubana dependia da venda da safra de açúcar ao mercado norteamericano. Cuba era o destino principal do turismo norteameriano, que dispunha de uma enorme estrutura de cassinos, cabarés, rinhas de briga de galos, prostíbulos. Nem precisavam passar pela alfândega, saíam diretamente com seus iates da Florida e chegavam aos hotéis de Havana.

Os carros norteamericanos eram primeiro testados em Cuba, antes de serem lancados nos EUA. A primeira linha aérea internacional da Pan American foi para Cuba, cenário típico dos filmes de Hollywood.

A ditadura de Batista, derrubada pelo movimento liderado por Fidel, tinha o apoio total dos EUA. Desde o começo Washington tramou contra a Revolução Cubana. Quando foram realizadas a reforma agrária, a reforma urbana, a nacioanalização da indústria açucareira, os EUA passaram a enfrentar abertamente o novo governo cubano, decretando o bloqueio do país – ha meio século -, tentando uma invasão com mercenários e passando a financiar a oposição a Cuba, localizada basicamente em Miami.

As ações terroristas foram uma constante ao longo das 5 décadas de poder revolucionário, da mesma forma que o trabalho de infiltração por Cuba dos grupos opositores, buscando informações que permitissem evitar essas ações. Os 5 últimos soldados fazem parte dessas escaramuças.

Já sob os duros efeitos do fim da URSS e do planejamento econômico internacional do campo socialista - quando Cuba perdeu todo seu mercado para a produção de açúcar em troca do petróleo -, o turismo ganhou mais destaque na resistência cubana para sobreviver à pior crise que tinha enfrentado desde 1959. As ações terroristas se concentraram então em locais de turismo, tentando passar a ideia do risco dessa atividade em Cuba.

Foi nesse marco que Cuba resolveu montar uma operação que conseguisse penetrar nas organizações que mais diretamente realizavam as ações terroristas, diante da passividade, da conivência, quando não do incentivo e do apoio direto do próprio governo dos EUA. A historia magistralmente relatada por Fernando Morais é a de cinco deles, que foram presos e ate’ hoje cumprem penas nos EUA, por terem tratado de fazer o serviço que os EUA não fazem: o de recolher informações junto aos grupos terroristas no exílio cubano, para tratar de evitar a proliferação de sua ações criminosas.

O livro começa já com a descrição da dramática situação de um cubano sempre identificado com a revolução, que de repente aparece como um “traidor”, que chega a Miami a bordo de um avião da Força Aerea cubana, que ele mesmo tinha pilotado na guerra de Angola. Ninguém da sua família sabia, nem mesmo sua mulher, até ali confidente de tudo, que não podia acreditar que o seu marido e companheiro de vida está falando para uma rádio de Miami, criticando a revolução e justificando sua deserção.

Fernando retoma, fio a fio, a saída de cada um deles, suas inserções no
meio de organizações terroristas cubanas na Florida, o clima dessa colônia, até, finalmente, a prisão de todos e as condições absurdas dos processos que se armam contra eles, como se estivessem espionando instituições norte-americanas e não apenas entidades terroristas da oposição cubana, tarefa que deveria ser feita pelo próprio governo dos EUA.

A mídia brasileira se sente incomodada diante de um livro com esse teor e trata de calar sobre ele. Uma que outra nota apenas não impede que o livro salte para os primeiros lugares nas listas do mais vendidos. Uma leitura obrigatória para entender como os EUA tratam de manter a guerra fria nas suas relações com Cuba, porque até hoje nao conseguiram tragar o fato de que não conseguiram derrubar, por nenhum meio possível, o regime que mais oposição lhe faz, há mais de meio século. Uma leitura deliciosa para qume gosta de livros de aventura, de espionagem, de temas políticos vinculados à ação. E um grande trabalho a favor da libertação dos cinco cubanos que, lutando contra o terrorismo em território noteamericano, foram presos e condenados, enquanto terroristas confessos continuam andando livremente pelas ruas da principal potência imperial da história.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Ata do ensaio de 06/09/2011

Ao ensaio de hoje compareceram:
Aislan, Alexandre, Cristiane, Paula e Ricardo. Agradecemos ao Davi, operador de som e imagem.

As razões do golpe de 64 de Emir Sader

Extraído do site http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=688

As visões descritivas dos grandes acontecimentos históricos tendem a reduzi-los a contingências – a Primeira Guerra, a um episodio menor – ou a idiossincrasias – a personalidade de Hitler. No caso do golpe no Brasil, a imprensa golpista da época se centrava nos supostos “abusos” do governo Jango, que teriam levado à intervenção dos militares para “salvar a democracia” – lugar comum nos editoriais da época. O movimento que desembocou no golpe de 1964 na realidade vem de longe. Podemos remontá-lo ao começo da Guerra Fria, no fim da Segunda Guerra e no começo do segundo pós-guerra, quando os EUA reciclavam sua definição de inimigos do bloco derrotado na guerra, para a URSS. Não seria possível explicar a brutalidade das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, sem levar em conta a nova atitude norteamericana de mostrar para a URSS sua superioridade nuclear, que iria definir o começo do novo período. De capa da revista Times há poucos anos antes, como herói da luta pela democracia, Stalin se tornava a encarnação do mal que haveria que evitar: o “espectro do comunismo”. Foi nesse momento que os EUA elaboraram a Doutrina da Segurança Nacional, que propunha que os Estados se transformassem em quarteis generais na luta contra a “subversão” e o “comunismo”. Todo tipo de conflito, de divergência, de expressão de descontentamento social seria classificado como “subversão”, expressão de interesses estrangeiros e deveria ser extirpado. A instalação de ditaduras militares, que blindassem os Estados, seria o objetivo ideal. Da geração de militares brasileiros que foi à guerra da Itália, Humberto Castello Branco e Golbery do Couto e Silva, estreitaram ali laços com as tropas nortemamericanas e, na volta para o Brasil, fundaram a Escola Superior de Guerra, que passou a ser o lugar estratégico de formulação, difusão e formação de pessoal das FFAA baseado na Doutrina de Segurança Nacional. Os anos 50 foram anos de ensaios de golpe, contra Getúlio e contra JK, depois na renúncia do Jânio. Enquanto isso o Brasil crescia, distribuía renda, afirmava uma politica internacional própria. Os investimentos norteamericanos foram voltando com força – depois do longo interregno desde a crise de 1929-, até que, com a chegada da indústria automobilística, deslocaram para si o eixo da economia e condicionaram fortemente o consumo de luxo. Mas ao mesmo tempo o mercado interno se expandia na direção do consumo de bens de consumo popular nas grandes cidades e também no campo, onde se estendia o processo de sindicalização rural, pela primeira vez. As duas dinâmicas se chocavam: a da democratização do consumo e a do consumo de luxo junto à exportação. A ditadura resolveu o conflito a favor desta. Além da brutal repressão que desatou contra tudo o que significasse democracia, desde o começo o regime militar teve um caráter de classe muito definido: interveio em todos os sindicatos, perseguiu a seus lideres e determinou um arrocho salarial, o que significou uma situação extraordinariamente favorável à superexploração dos trabalhadores e à acumulação favorável ao grande capital nacional e estrangeiro. Ao contrario do que alguns pensavam, a ditadura não significou o retrocesso da expansão economia e da industrialização no Brasil. O fim da democracia e a imposição da ditadura foram funcionais ao capitalismo. Brecaram as demandas populares mediante o arrocho, bloquearam as demandas salariais pela intervenção e repressão aos movimentos populares, enquanto abria a economia ao capital estrangeiro, liberava o envio de royalties ao exterior e favorecia de todas as maneiras a concentração em favor das grandes empresas nacionais e estrangeiras. O chamado “milagre” tinha um santo: a ditadura, a repressão, os golpes ao movimento popular e à democracia. Foi uma ditadura articulada com os planos da guerra fria dos EUA e com o modelo de acumulação do grande capital – que se desenvolveu em base à concentração no consumo de luxo, na superexploração dos trabalhadores e na exportação. Avançou o Brasil desigual, injusto, de concentração de renda, de exclusão social, de prepotência, de terror, de poder do capital, dos latifundiários, dos donos da mídia privada. O Brasil que recentemente começamos a superar, daí a oposição dos herdeiros da ditadura.