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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Histórias de Teatro - do Diário do Grande ABC- Thiago Mariano

Um punhado de fatores fervilhou a inauguração da escola de teatro da Fundação das Artes de São Caetano em 1969. Era o auge do período mais ferrenho da ditadura militar, quando as mentes artísticas abusavam do pensamento criativo para fugir das perseguições da censura sem perder a chance de criticar os abusos do sistema político.

Por outro lado, o teatro amador do Grande ABC - e o do Estado inteiro -, nunca viveu melhor período do que nessa época, incentivado por renomados festivais e apoiado pelo público, que comparecia em massa às sessões disponíveis.

É sobre este período que o memorialista José Armando Pereira da Silva traça um bonito painel da criação da Fundação das Artes no livro 'Escola da Fundação das Artes de São Caetano do Sul - 1969-1982' (Alpharrabio Edições, 120 págs., preço médio R$ 30). A obra será lançada amanhã, às 11h, na Fundação (Rua Visconde de Inhaúma, 730, São Caetano. Tel.: 4238-3030).

Apoiado pelos primeiros artistas da região que foram em busca de profissionalização na Escola de Arte Dramática de São Paulo, o espaço surgiu para somar as qualidades do amadorismo e do profissionalismo. Do primeiro, buscava o amor e a dedicação ao teatro enquanto vocação, e não seu uso como fonte de dinheiro ou prestígio social. Da parte técnica, requeria que a Fundação fosse celeiro de processo de apuro cênico e intelectual.

Sob o comando de Milton Andrande, gente como Antonio Petrin, Timotchenco Wehbi, Dilma de Melo e Ruslan Gawiljuk estava no quadro de professores da Fundação.

Para José Armando, que fez parte do corpo docente no início da implementação do projeto, os 14 anos em que Andrade ficou à frente da instituição (período retratado no livro), foram extremamente criativos. "Ele era avesso a enquadrar a Fundação em padrões técnicos, achava que a arte era mutante e que quando você a torna disciplina acaba freando a criação."

Ele cita a época em que Ulisses Cruz foi diretor da área teatral da Fundação (logo no fim da narrativa) como extremamente profícuo por conta da ideia de junção entre alunos e profissionais em busca de transformar o local em centro de pesquisa e criação. "'O Coronel dos Coronéis' e 'Lola Moreno', duas obras dos tempos de Ulisses, transformaram a Fundação em verdadeira companhia. Essas peças viajaram para outras cidades e Estados."

Há texto assinado por Heitor Cappuzzo que comenta o curto período em que a cultura cinematográfica, tanto em discussão como em produção, fez parte da escola.

Depoimentos de gente que passou pelo espaço, além de ficha das obras que foram montadas de 1983 a 2001, e texto da diretora atual, Liana Crocco, que dá um panorama do que acontece na Fundação hoje, completam o livro.

Mais do que importante capítulo histórico, o livro é uma boa aula de teatro.

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