Após duas reuniões frustradas com o governo, os estudantes chilenos, que estão há cinco meses em greve pedindo mudanças no sistema educacional, decidiram abandonar a mesa de negociações. Eles acusam o ministro da Educação, Felipe Bulnes, de não fazer concessões em relação à gratuidade no ensino superior, principal demanda do movimento.
Giorgio Jackson, Camila Vallejo e outros dirigentes estudantis se reúnem com Bulnes / Foto: EFE
Logo depois do anúncio, dezenas de estudantes montaram barricadas em Santiago, entrando em choque com a polícia. Dirigentes da Confech (Confederação de Estudantes da Universidade do Chile) convocaram uma grande marcha para esta quinta-feira (6), no centro da capital. O governo negou autorização para a realização da marcha e a polícia deve reprimir os manifestantes com tropas de choque e gás lacrimogêneo, como de costume.
O segundo encontro entre estudantes e governo, na quarta (5), terminou de forma tensa. O representante dos colégios técnicos do Chile, Cristián Pizarro, contou que os estudantes se colocaram de forma enérgica contra a intransigência do governo. “Me levantei e disse: senhor ministro, me retiro, uma vez que acho irrisória a proposta que o senhor nos deu. Estão sendo intransigentes e eu abandono a mesa de diálogo”.
O impasse se produziu depois de o governo propor bolsas para 40% dos estudantes. O percentual é o mesmo que vigora hoje, mas, de acordo com o ministro da Educação, o benefício seria estendido também para estudantes de colégios técnicos, que hoje não são cobertos por este incentivo.
Os estudantes mais radicais defendem a gratuidade total. Os mais moderados querem a ampliação do benefício para um número maior de jovens.
“Nunca vamos declarar o fracasso da mesa de diálogo”, disse Bulnes, mesmo admitindo que “não houve maiores progressos” depois dos dois encontros. “Não acho que dar gratuidade aos ricos seja uma boa política. Não é correto que os pobres financiem a educação dos ricos. Essa é uma diferença fundamental entre as duas visões”.
A Confech rebate a declaração do ministro, afirmando que os mais ricos não representam mais de 5% da população chilena e que há outros 95% que são pobres ou de segmentos médios e vulneráveis que se beneficiariam da ampliação da gratuidade do ensino.
De acordo com Camila Vallejo, uma das líderes estudantis dos protestos, "não se deveria diferenciar entre classes sociais ou estratos socioeconômicos no Chile".
A nova onda de protestos emerge na mesma semana em que o governo do presidente Sebastián Piñera anunciou o endurecimento das leis para punir os que cometam excessos em protestos de rua. O projeto de lei, que prevê pena de três anos para os que promoverem desordens e ocupem violentamente colégios e faculdades, vem sendo duramente criticado pela Associação de Magistrados do Chile e pelos movimentos sociais.
Com agências
Extraído do site http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=165740&id_secao=7
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