UM PAÍS QUE NÃO EXISTE MAIS

sábado, 31 de março de 2012

As heranças malditas da ditadura

Um regime brutal como a ditadura militar, que tratou de erradicar da sociedade e do Estado brasileiros tudo o que lhe parecesse vinculado à democracia, que se constituiu em uma ditadura de classe contra os trabalhadores e suas organizações, que tratou de ser um subimperiaismo, aliado privilegiado dos EUA na região – não poderia desaparecer sem deixar vestígios. Ainda mais que a ditadura militar brasileira não foi derrotada, como aconteceu nos países vizinhos.

Na Argentina, essa derrota se deu na tentativa desesperada dos militares de conquistar legitimidade com a aventura das guerra das Malvinas, encarnando uma justa reivindicação do povo argentino com uma bravata que terminou com uma vergonhosa derrota e retirada covarde da mesma alta oficialidade que havia mostrado sua “coragem” na repressão selvagem aos militantes da resistência popular. Sua derrota teve o efeito oposto, o de acelerar sua derrota e o fim do regime, que também por isso tem seus principais gendarmes presos, julgados e condenados.

No Uruguai e no Chile essas derrotas assumiram formas similares com referendos convocados pelas ditaduras militares para tentar perpetuar-se, em que foram derrotadas e tiveram que abrir caminho à transição para a democracia. Ali também se conseguiu reverter as anistias decretadas pelos militares e promover formas de investigação da verdade e da justiça correspondente.

No Brasil não houve algo similar. A ditadura conduziu o processo de transição à democracia, definindo suas formas e seus prazos. Conseguiu evitar as eleições diretas para presidente, impediu assim que uma eleição popular pudesse consagrar uma presidência como a de Ulysses Guimaraes, que representava de maneira mais cabal o impulso democrático acumulado pelas lutas de resistência à ditadura, para impor o mais moderado Tancredo Neves e, pelas contingências da história, terminando por ter o presidente do partido da ditadura e principal articulador contra as diretas, José Sarney, como o primeiro presidente civil desde o golpe militar.

Bastaria isso para explicar como o novo regime foi um híbrido do novo e do velho, nasceu de mais um pacto de elites na história brasileira, forjado em torno do Colégio Eleitoral e do pacto entre o PMDB e um partido nascido das costelas do regime militar, o então PFL. O anti-malufismo substituiu o anti-ditadura e quem se alinhava naquele bloco recebia o selo de “democrata”, entre eles ACM, Marco Maciel, Jorge Bornhausen. Foi um caso típico do “transformismo”, caracterizado por Gramsci, em que se muda a forma de dominação para preservar seu conteúdo.

A primeira das heranças desse parto conciliador do novo regime foi seu caráter profundamente liberal, no sentido de que a reinstauração da democracia se limitou às instâncias políticas, jurídicas e institucionais. Não se promoveu a democratização econômica e social da sociedade brasileira – que, de alguma forma, estava contida no programa democrático do PMDB, que não orientou o governo Sarney. A concentração ainda maior do poder da terra, dos bancos, das grandes corporações industriais e comerciais, dos meios de comunicação, das estruturas privadas nos campos da educação, da saúde, não foram tocadas e sobreviveram como uma das mais duras heranças da ditadura para a democracia brasileira.

A ausência das derrotas políticas que caracterizaram os países vizinhos fez com que a anistia auto-decretada pela ditadura militar sobrevivesse até hoje, bloqueando a busca da verdade e impedindo que mesmo crimes inafiançáveis como a tortura ficassem impunes no Brasil. Paralelamente, os militares mantem poder de pressão sobre este e outros temas, de forma totalmente indevida numa democracia, ainda mais pelos graves danos que a alta oficialidade das FFAA produziu no país.

Outra das heranças negativas foi o modelo econômico imposto pela ditadura a ferro e fogo, que teve alguns dos seus aspectos essenciais preservados no pós-ditadura. Ja nao foi possível manter o arrocho salarial e a intervenção militar em todos os sindicatos – que fez a festa do grande empresariado e foi um dos “santos” do chamado “milagre econômico”. Mas o modelo econômico voltado para a exportação e para o consumo das altas esferas do consumo se manteve, sem que se desenvolvessem amplas politicas de distribuição de renda e de ampliacao do mercado interno de consumo popular – que só viriam a ocorrer a partir do governo Lula. A marca de país mais desigual do mundo, que se havia aprofundado na ditadura e se mantido no novo regime, acompanhou a democracia brasileira como a sua grande lacra.

Uma outra herança maldita da ditadura foi a deterioração dos serviços públicos. Ao arrochar os salários dos servidores públicos e diminuir os gastos sociais, a ditadura promoveu uma degradação da escola pública e da saúde pública no Brasil. Até aquele momento esses eram espaços que agrupavam os setores populares e a classe média, numa aliança e convivência que eram parte integrante da democracia e da construção da esfera pública. Com sua deterioração, a classe media se bandeou maciçamente para a escola privada e os serviços privados de saúde, a ponto de passar a fazer parte “natural” dos seus orçamentos familiares esses gastos enormes. Enquanto isso a escola e a saúde publica passaram a ser coisa de pobre, foram se degradando, assim como as condições de trabalho e de salários dos trabalhadores da educação e da saúde.

Os meios de comunicação foram outra elemento da herança maldita deixada pela ditadura. O elemento central dessa herança foi a constituição da Globo como o principal grupo monopólico dos meios de comunicação no Brasil, com todos os privilégios que a ditadura lhe permitiu, fazendo da TV Globo praticamente o órgão oficial da ditadura. Por outro lado, impediu que outros grupos das elites dominantes - como a Abril e o JB, entre outros – pudessem disputar hegemonia com a Globo, favorecendo seu monopólio inquestionado como setor dominante da mídia privada. As outras empresas, que haviam, todas, apoiado a golpe militar, dado cobertura à selvagem repressão da ditadura, e se valido da liquidação dos órgãos que não haviam tido essa postura – como a Última Hora e, de certa forma, o Correio da Manhã -, puderam aparecer como entidades identificadas com a democracia liberal durante o período de transição e bloquear o surgimento de imprensa alternativa.

Sem esgotar os elementos dessa herança, haveria que mencionar ainda a tentativa de descaracterização do aspecto ditatorial do regime militar, presente na “teoria do autoritarismo”, formulada por FHC, segundo a qual não teríamos tido uma ditadura – menos ainda militar, cujo aspecto ele sempre desconheceu nas suas análises - , mas simplesmente um “regime autoritário”.

A democratização, pelas propostas de FHC se limitaria a desconcentrar o poder político em torno do executivo e desconcentrar o poder econômico em torno do Estado – aparecendo como um formulador precoce as teses neoliberais no Brasil. A teoria do autoritarismo foi a ideologia da transição conservadora no Brasil, lhe deu respaldo teórico e favoreceu a sobrevivência das heranças malditas que a ditadura deixou para a democracia brasileira.


Depois de torturadores, apoiadores da ditadura são alvos de protesto em São Paulo


Os organizadores escolheram o 1º de abril, Dia da Mentira e aniversário de 48 anos do golpe, para discutir a questão "de modo bem-humorado e radical". Passando por jornais, empresas e lugares simbólicos do apoio civil à ditadura, o Cordão da Mentira irá desfilar pelo centro da cidade de São Paulo para apontar quais foram os atores civis que se uniram aos militares durante os anos de chumbo. Concentração para o ato deste domingo inicia às 11h30min, em frente ao cemitério da Consolação.
Depois dos assassinos e torturadores, agora é a vez dos apoiadores do golpe civil-militar de 1964 serem alvos de protestos. Passando por jornais, empresas e lugares simbólicos do apoio civil à ditadura, o Cordão da Mentira irá desfilar pelo centro da cidade de São Paulo para apontar quais foram os atores civis que se uniram aos militares durante os anos de chumbo.

Os organizadores - coletivos políticos, grupos de teatro e sambistas da capital - afirmam ter escolhido o 1º de abril, Dia da Mentira e aniversário de 48 anos do golpe, para discutir a questão "de modo bem-humorado e radical".
Ao longo do trajeto, os manifestantes cantarão sambas e marchinhas de autoria própria e realizarão intervenções artísticas que, segundo eles, pretendem colocar a pergunta: “Quando vai acabar a ditadura civil-militar?”.

TRAJETO (confira resumo, no fim do texto)
A concentração acontecerá às 11h30, em frente ao cemitério da Consolação.
Em seguida, o cordão passará pela rua Maria Antônia, onde estudantes da Universidade Mackenzie, dentre eles integrantes do CCC (Comando de Caça aos Comunistas), entraram em confronto com alunos da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP. Um estudante secundarista morreu.

Dali, os foliões-manifestantes seguem para a sede da TFP (Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade), uma das organizadoras da “Marcha da Família com Deus, pela Liberdade”, que 13 dias antes do golpe convocava o exército para se levantar “contra a desordem, a subversão, a anarquia e o comunismo”.

Depois de passar pelo Elevado Costa e Silva - que leva o nome do presidente em cujo governo foi editado o AI-5, o mais duro dos Atos Institucionais da ditadura - o bloco seguirá pela alameda Barão de Limeira, onde está a sede do jornal Folha de S.Paulo. Segundo Beatriz Kushnir, doutora em história social pela Unicamp, a Folha ficou conhecida nos anos 70 como o jornal de “maior tiragem” do Brasil, por contar em sua redação com o maior número de “tiras”, agentes da repressão.

A ação da polícia na Cracolândia, símbolo da continuidade das políticas repressivas no período pós-ditadura, bem como o Projeto Nova Luz, realizado pela Prefeitura de São Paulo, serão alvos dos protestos durante a passagem do cordão pela rua Helvétia.

Finalmente, será na antiga sede do Dops (Departamento de Ordem Política e Social), na rua General Osório, que o Cordão da Mentira morrerá.

CORDÃO DA MENTIRA
Quando: Domingo, 1º de abril de 2012, a partir das 11h30
Onde: concentração no Cemitério da Consolação


 

quinta-feira, 29 de março de 2012

Venha se manifestar contra a privataria da Cultura!

Ato acontece no dia 3 de abril, terça-feira, no Sindicato dos Engenheiros de São Paulo. Entidades denunciam desmonte geral da rádio e TV Cultura, defendem retomada de programas extintos, democratização do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta, pluralismo, diversidade na programação e uma política transparente e democrática para abertura à programação independente. Redação As rádios e a TV Cultura de São Paulo se consolidaram historicamente como uma alternativa aos meios de comunicação privados. As rádios AM e FM ficaram conhecidas pela excelente programação de música popular brasileira e de música clássica. A televisão criou alguns dos principais programas de debates de temas nacionais, como o Roda Viva e o Opinião Nacional, e constituiu núcleos de referência na produção de programas infantis e na de musicais, como o Ensaio e o Viola, Minha Viola. As emissoras tornaram-se, apesar dos percalços, um patrimônio da população paulista. Contudo, nos últimos anos, a TV e as rádios Cultura estão passando por um processo de desmonte e privatização, com a degradação de seu caráter público. Esse e outros fatos se destacam: - mais de mil demissões, entre contratados e prestadores de serviço (PJs); - extinção de programas (Zoom, Grandes Momentos do Esporte, Vitrine, Cultura Retrô, Login) e tentativa de extinção do Manos e Minas; - demissão da equipe do Entrelinhas e extinção do programa, sem garantias de que ele seja quadro fixo do Metrópolis; - aniquilação das equipes da Rádio Cultura e estrangulamento da equipe de jornalismo; - enfraquecimento da produção própria de conteúdo, inclusive dos infantis; - entrega, sem critérios públicos, de horários na programação para meios de comunicação privados, como a Folha de S.Paulo; - cancelamento de contratos de prestação de serviços (TV Justiça, Assembleia e outros); - doação da pinacoteca e biblioteca; - sucateamento da cenografia, da marcenaria, de maquinaria e efeitos, além do setor de transportes. Pela sua composição e formato de indicação, o Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta não tem a independência necessária para defender a Cultura das ações predatórias vindas de sua própria presidência. Mesmo que tivesse, sobre alguns desses pontos o Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta sequer foi consultado. Não podemos deixar esse patrimônio do povo de São Paulo ser dilapidado, vítima de sucateamento promovido por sucessivas gestões sem compromisso com o interesse público, seriamente agravado na gestão Sayad. Nesse momento, é preciso afirmar seu caráter público e lutar pelos seguintes pontos: - Contra o desmonte geral da rádio e TV Cultura e pela retomada dos programas. - Em defesa do pluralismo e da diversidade na programação. - Por uma política transparente e democrática para abertura à programação independente, com realização de pitchings e editais. - Pela democratização do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta ATO CONTRA A PRIVATARIA DA CULTURA 3 de abril, terça-feira, às 19h Sindicato dos Engenheiros de São Paulo Rua Genebra, 25 – Centro (ao lado da Câmara Municipal) Gilberto Maringoni Hamilton Octavio de Souza Ivana Jinkings Joaquim Palhares – Carta Maior Laurindo Lalo Leal Filho Luiz Carlos Azenha – blog Vi o Mundo Luiz Gonzaga Belluzzo Renato Rovai – Revista Fórum e Presidente da Altercom Rodrigo Vianna – blog Escrevinhador Wagner Nabuco – Revista Caros Amigos Emir Sader Flávio Aguiar Altercom - Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé CUT – Central Única dos Trabalhadores Frente Paulista pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social

quarta-feira, 28 de março de 2012

O PASSADO CONDENA - coluna de Ancelmo Góis em 26/03/2012 no O GLOBO

É dura a vida de Bento XVI nesta visita ao México e a Cuba. E não é só porque tem que pisar em ovos em solo cubano.
Ontem, em plena visita do Papa, foi lançado no México o livro “La voluntad de no saber”, de Alberto Athie, José Barba e Fernando Gonzalez. O tema são os abusos sexuais do falecido padre mexicano Marcial Maciel.
E o que é pior...

O Papa Bento XVI não sai bem na fita.
As primeiras denúncias foram feitas em 1998 na Congregação para a Doutrina da Fé, dirigida por Joseph Ratzinger, hoje Bento XVI. Mas a Igreja começou a investigar em 2004.

Operación Peter Pan: Vaticano y CIA traficaron 14,000 niños cubanos.


Com toda certeza: se Che vivo fosse se mostraria contrário à visita do papa ao território cubano. Diría ainda: ?Qué pasa, Raúl?

sábado, 24 de março de 2012

Abreu e Lima, herói da luta pela independência e união da América Latina

José Inácio de Abreu e Lima nasceu no dia 6 de abril de 1794, no Recife, numa família de senhores de engenho. O futuro general de Bolívar veio ao mundo cinco anos após a Revolução Francesa, quando as suas ideias de liberdade, igualdade e fraternidade se espalhavam pelo mundo e tinham inspirado no Brasil a Conjuração Mineira, que ocorrera também em 1789, dando à nossa história o legendário mártir Tiradentes (A Verdade, nº 6 e 29).
Nas veias do menino corria sangue revolucionário. O do seu pai, José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima, conhecido como Padre Roma. É que ele foi realmente frade, graduou-se em teologia na Universidade de Coimbra, Portugal, e ordenou-se em Roma, mas por pouco tempo. Teve as ordens sacerdotais suspensas, por não seguir os cânones conservadores do Vaticano.
Participante ativo da Revolução Pernambucana de 1817, padre Roma foi enviado à Bahia para articular o levante anti-imperial naquele Estado. Preso em missão, foi executado três dias depois, sem delatar os companheiros nem os planos revolucionários. Uma tortura adicional: dois dos seus três filhos, Luís e José foram obriga- dos a assistir ao fuzilamento. José tinha então 23 anos e era um jovem capitão do Exército brasileiro. O fato não o abateu; pelo contrário, marcou-lhe o espírito revolucionário. Alguns anos depois viria a ser o bravo general bolivariano.

Na luta com Simón Bolívar

Dois anos depois do fuzilamento do genitor, Abreu e Lima abandonou o exército brasileiro e engajou-se nas tropas de Bolívar, na Venezuela. Bolívar lutava, não apenas pela independência ante o invasor espanhol, mas pela formação de uma grande nação latino-americana. Fruto de sua campanha, já se haviam unificado Colômbia, Venezuela e Equador, formando a Grã-Colômbia e a luta se estendia vitoriosa nos territórios do Peru e da Bolívia, avançando pelo Chile e pela Argentina.
Em pouco tempo o jovem oficial brasileiro destacou-se na guerra de libertação, assumiu postos de comando e foi responsável pela vitória em várias batalhas, recebendo a patente de coronel em janeiro de 1824. Conflitos internos, que resvalaram para ataques pessoais levaram Abreu e Lima a sofrer uma suspensão do exército libertador e ao cumprimento de pena de detenção por seis meses. Reabilitado, integrou o círculo de oficiais mais próximos e leais a Bolívar, de quem recebeu a patente de general.
Divergiam de Bolívar líderes nacionais, que defendiam a consolidação isolada de cada nação e consideravam um sonho impossível, tornando-se um desperdício de energia a ideia de integração continental. Francisco de Paula Santander, da Colômbia, foi inicialmente o defensor dessa pro- posta, que se alastrou para os outros países libertados, com José Antônio Paez, na Venezuela; Agostin Guerra, na Bolívia; José Lamar, no Peru. O ideal unitário bolivariano se despedaçava.
Bolívar ainda tentou, com os poucos oficiais que permaneciam do seu lado, entre os quais Abreu e Lima, defender a Grã-Colômbia. Houve forte luta interna, com muitas perdas, entre aqueles que pouco antes estavam irmanados na guerra contra o invasor espanhol. Simón Bolívar resolveu partir para o exílio, organizando a retirada até o litoral com os oficiais que continuavam do seu lado, ocasião em que nomeou Abreu e Lima, general e um dos comandantes da operação. Esta não chegou ao seu termo, porque no dia 17 de dezembro de 1830, o Grande Libertador falecia, vitimado pela tuberculose.
Os oficiais bolivarianos divulgaram a seguir um comunicado em que se manifestaram “dispostos a morrer para garantir a última vontade do Libertador” e faziam apelo no mesmo sentido aos “companheiros do Exército da Grã-Colômbia”. Mesmo esse grupo, entretanto, não sustentou por muito tempo a unidade. Tendo assumido o comando, o general Luque expulsou os bolivarianos autênticos. Abreu e Lima foi para os Estados Unidos em setembro de 1831 e retornou no mesmo ano ao Brasil.

Monarquista, pela unidade nacional, e homem das massas

Surpreendentemente, não se alinhou aos republicanos. Considerava- os elitistas e acreditava que o fim da monarquia poria fim à unidade do país. Radicado no Rio de Janeiro, dedicou-se ao estudo da História do Brasil e travou apaixonadas polêmicas pela imprensa, com destaque para a travada com o famoso escriba republicano Evaristo da Veiga. Este negava qualquer valor a Abreu e Lima e o chamava pejorativamente de “general das massas”. A este epíteto, o general de Bolívar respondeu: “Com efeito a minha causa está afeta ao povo; é às massas para quem apelo, porque eu sou parte delas; sou membro desse todo a quem desprezais a cada instante e a quem tendes chamado vil canalha”.

Preso como articulador da Revolução Praieira

Tendo retornado para o Recife em 1844, Abreu e Lima filiou-se ao Partido Liberal, denominado praieiro porque a sua ala mais radical editava um jornal com sede na Rua da Praia, denominado Diário Novo, em contraposição ao Diário de Pernambuco, chamado “Diário Velho”, por ser porta-voz do conservadorismo. O jornal era impresso na gráfica do seu irmão, Luís Inácio Ribeiro Roma, ativo militante praieiro, que morreu durante a Revolução. Abreu e Lima escrevia nesse jornal, sempre dando notícias e fazendo comentários sobre os demais países latino-americanos e propugnando pela unidade continental. Por desavenças familiares, depois resolvidas, passou a editar seu próprio jornal, quase um boletim, denominado Barca de São Pedro.
Recife continuava sendo um centro irradiador de mercadorias e de ideias para todo o Nordeste e aí é que chegavam primeiro as notícias e obras produzidas na Europa. O comércio, dominado por estrangeiros, especialmente ingleses e portugueses. No meio intelectual predominava o liberalismo radical e começavam a se disseminar ideias socialistas, do socialismo utópico, trazidas pelo engenheiro francês Louis Léger Vauthier, adepto de Fourier.
Nacionalismo e socialismo utópico se juntaram e foram o motor da Revolução Praieira, desencadeada no dia 7 de novembro de 1848, dia do aniversário da Sabinada, luta pela independência travada na Bahia no ano de 1837. O Manifesto da Praieira propugnava o fim do latifúndio, da escravidão, a nacionalização do comércio e trabalho digno para todos. Derrotados os revoltosos, centenas de liberais, radicais ou moderados são presos, julgados e condenados. Abreu e Lima foi sentenciado à prisão perpétua e levado para a ilha de Fernando de Noronha. Não havia participado da Revolução, porém, e mantinha até uma certa distância dos revolucionários, o que conseguiu comprovar, sendo absolvido e liberado em junho de 1850.

Cidadania e socialismo

Saído do cárcere, voltou-se para os livros. Escrevia para os jornais, defendendo a ampliação do direito de voto, de direitos dos consumidores e contra a carestia. Sua análise da sociedade, levou-o à compreensão da luta de classes e à defesa do socialismo, de tipo utópico ou pré-marxista. No ano da praieira, 1848, Marx e Engels lançavam para o mundo o Manifesto Comunista, mas Abreu e Lima não faz referência a ele na sua obra O Socialismo. Fala de Babeux, Fourier, Saint-Simon e Owen.
Trechos que esclarecem a visão socialista de Abreu e Lima: “Que somos todos inimigos e rivais uns dos outros na proporção das nossas respectivas classes, não necessitamos de argumentos para prová-lo, basta que cada um dos que lerem este papel, seja qual for a sua condição, meta a mão na sua consciência”. “Em que consiste o socialismo? Na tendência do gênero humano para tornar-se uma só e imensa família”. E como se revela esta tendência? “Pelos fenômenos sociais, e eis aí porque chamamos socialismo a essa tendência visível, palpável, conhecida por sua marcha crescente e sempre progressiva desde os 15 primeiros séculos da História”.

Monumento ao herói na Venezuela

O general da libertação e unidade latino-americanas, faleceu em sua casa no dia 8 de março de 1869, aos 75 anos de idade. Não pôde ser sepultado em cemitério brasileiro, porque o bispo Francisco Cardoso Ayres não permitiu, alegando liberalismo religioso. Foi aceito, ironia histórica, no Cemitério dos Ingleses. Em seu túmulo, colocou-se a inscrição: “Aqui jaz o cidadão brasileiro José Ignácio de Abreu e Lima, propugnador esforçado da liberdade de consciência.”
Pouco lembrado no Brasil, mesmo em Pernambuco, a não ser pelo nome dado ao então distrito de Maricota, hoje cidade de Abreu e Lima, o nome do general bolivariano aparece com destaque no Monumento aos próceres, em Caracas, homenagem aos estrangeiros que contribuíram com a causa da independência.

O herói deve retornar ao solo pátrio

Exilado após a morte, o general das massas continua em solo estrangeiro. No ano passado o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, foi proibido de colocar um busto do herói no local. Urge resgatar os restos mortais de Abreu e Lima, para que descanse em solo pátrio. O Centro Cultural Manoel Lisboa e o Fórum Permanente da Anistia em Pernambuco estão realizando uma campanha pela repatriação do libertador bolivariano.
Luiz Alves
Obras consultadasAbreu e Lima, general de Bolívar, Chacon, Vamireh, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983O Socialismo, General José Ignácio de Abreu e Lima, 2a edição, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1979
(Publicado no Jornal A Verdade, nº 32)

quinta-feira, 22 de março de 2012

A verdade sobre a censura em Cuba

Cuba denunciou em dezembro que o Facebook censurou sua página na rede social, que possui mais de 70 mil seguidores, porque ela protestava contra o fechamento do canal do portal Cubadebate no Youtube.
Tudo aconteceu porque o canal de vídeos do sítio estatal Cubadebate.cu publicou um vídeo sobre Luis Posada Carriles, que é acusado por vários crimes na Venezuela, incluindo a derrubada de um avião civil cubano que matou 73 pessoas, cumpriu pena no Panamá por tentar assassinar Fidel Castro e recentemente propôs a via armada para derrubar o governo cubano. O ex-agente da CIA está sendo julgado nos Estados Unidos apenas por fraude migratória, embora a Venezuela exija que o terrorista seja extraditado para ser julgado em seu país natal.
Segundo o Youtube, o vídeo possui “infração de copyright”; contudo, o sítio cubano afirma que as imagens do vídeo, que mostram Luis Posada Carriles dizendo que queria o pagamento por seus serviços como terrorista internacional, são utilizadas sem autoria em vários outros sítios.
Em nota, o sítio cubano afirma a existência de vários vídeos no Youtube com informações manipuladas e tendenciosas sobre Cuba com imagens roubadas do site estatal sem que o Google as tenha tirado da rede social, ainda que haja denúncias.
O acesso ao canal e à página cubanos foram restabelecidos, o vídeo de Carriles continua censurado. Outro canal já publicou o vídeo em protesto à censura do Google. Veja a nota no site do Cubadebate: http://www.cubadebate.cu/noticias/2011/01/12/google-censura-canal-de-videos-de-cubadebate-en-youtube/
O embargo midiático
Além do embargo econômico imposto a Cuba pelos Estados Unidos, que dura mais de 50 anos, a ilha também sofre com o bloqueio midiático. A grande mídia filtra as informações reais sobre o país e divulga informações falsas.
Em seu livro “Cuba, apesar do bloqueio”, atualizado em 2011, Mario Augusto Jakobskind, que morou um ano em Cuba, afirma que o bloqueio midiático é a “desinformação externa, que cria no mundo um senso comum que demoniza Cuba. A imprensa mundial não se cansa de dizer que lá é ‘uma ditadura’, chega ao absurdo de chamar de ‘ditadura dos irmãos Castro’. Isso não reflete a realidade”.
Segundo o sítio do Cubadebate, o microblog Twitter censura os TT (temas do momento) quando eles não são do interesse da empresa. Isso aconteceu com o “hashtag” #DerechosCuba, que foi bloqueado na Espanha. Contas da rede social também são fechadas arbitrariamente por motivos políticos em todo o mundo, ou seja, os direitos tão proclamados de liberdade de expressão são simplesmente negados todos os dias para manipular opiniões.
Embora seja intensamente propagandeado que presenciamos a “era da informação”, a realidade é que poucos possuem acesso à rede, e ela é controlada por uma minoria interessada em lucrar com a propaganda online e bloquear o que foge de seus interesses. A sociedade cubana, ao contrário desta tendência, utiliza seus escassos recursos cibernéticos, diminutos por conta do embargo econômico e comercial, para divulgar a verdade sobre sua história. Falsas informações são propagadas com o argumento de que o governo cubano teme liberar o acesso total à internet, quando se trata, na verdade, da falta de recursos tecnológicos no país, devido ao implacável bloqueio.
O “cybermercenarismo”
Outra faceta da propaganda falsa contra Cuba se manifesta por meio do “cybermercenarismo”. O jornal The New York Times publicou, em junho de 2010, que os Estados Unidos lideram um grupo de países que utilizam a tecnologia da informação mediante utilização de plataformas portáteis, viagens, consultorias, hardwares e apoio à criação de páginas virtuais e sistemas de telefonia móveis, para beneficiar os “dissidentes” em suas mensagens contrarrevolucionárias. Sob o falso título de “independentes”, esses mercenários divulgam informações que incitam à desobediência civil, fazem propaganda ilusória sobre o capitalismo e mentem sobre a revolução cubana.
A propaganda pró-capitalismo é o resultado menos perigoso destas ações, já que tais blogueiros não gozam de popularidade entre os cubanos. Tais “cybermercenários” podem trabalhar como espiões e até promover interferências em sistemas estatais e danos nos sistemas de serviços à população, além de acidentes graves.
“La Polémica Digital”
Apesar de todos os gastos e dos imensos esforços da máfia capitalista para manter contrarrevolucionários em ação, a cada dia surgem novos blogueiros cubanos que acreditam na revolução cubana e escrevem sobre o sistema em que vivem.
O blog “La Polémica Digital”, da jornalista cubana Elaine Diaz, é um destes blogs que escreve sobre o dia a dia de Cuba: “É sobre isso que gosto de escrever: o dia a dia, o que vejo na rua, no transporte público, o que ocorre com meu avô – que é camponês e não tem a menor ideia do que seja a internet, e, além disso, ela não lhe faz falta porque não a considera algo necessário para ser feliz. Por isso, eu acho muito engraçado que os indicadores para medir o grau de satisfação da população cubana sejam baseados em termos de internet, uma vez que a maioria da população do mundo nem sequer tem o que comer ou onde dormir esta noite”.
Mariana Mendes, discente em Geografia
UFSCar, Sorocaba

quarta-feira, 21 de março de 2012

TV en Cuba: Cuidado con propuestas rosadas en los dramatizados

La serie Bajo el mismo sol ha logrado que se defienda con espada y capa o que se critique hasta la saciedad, y eso es bueno porque quiere decir que tomó la calle. Hace poco un grupo de colegas, entre ellas dos negras, me cayeron arriba porque yo decía que aplaudo la novela por lo que dice y que en los últimos años los dramatizados cubanos han ocupado el espacio que le correspondería a noticias, reportajes y documentales a la hora de meterse en nuestra realidad, aunque en los cercanos tiempos, ¡y ojalá no sea una moda! se ven trabajos críticos en la televisión sobre temas variopintos, algunos bien peliagudos.
Al paso que íbamos para reflejar la historia de estos años dentro dos o tres décadas habría que recurrir a la ficción y no a los trabajos periodísticos.
¿Qué le critican mis amigas a Bajo el mismo sol? Que todas las familias son disfuncionales, las casas son feas y hay muchos negros. Un buen amigo, testigo de mi discusión, me decía: “de todas maneras se queda mal”.
No se trata de tres temporadas como se califica, porque esa es una forma de nombrar las sucesivas historias que ocurren en series de mucho éxito, que conviene financieramente alargarlas, por ejemplo el Dr. House. En el caso de Bajo el mismo sol se dividió en tres partes (”Casa de cristal”, “Soledad” y “Desarraigo”) por imperativos de la producción y logró reflejar UNA PORCIÓN de la realidad, no la REALIDAD cubana de hoy. El artista que aspire a eso, está fracasado.
Vayamos por pasos, ¿es disfuncional la familia del bodeguero de la tercera parte? ¿Por qué? ¿Acaso la separación de la pareja y emigración a La Habana no son asuntos cotidianos? ¿Por qué no es normal la familia de Casa de cristal en la que la abuela acepta las relaciones lésbicas de su nieta? Es cierto que en el elenco hay un grupo de negros y negras, ¿y qué? El que le pega a la mujer es blanco; el que sedujo a una jovencita y la preñó también es blanco, y blanca es la familia tremebunda que realiza cualquier cantidad de artimañas para quitarle el niño a una ex reclusa.
Negra es la abuela que se equivocó pero crió a su nieta con todo amor, de ese mismo color es el barrendero, un hombre servicial y justo, y negro es el padre del niño discapacitado, que deja su profesión y trabaja en un agro para ganar más dinero con el que mantener a su familia, gesto encomiable a pesar de que en una tarde comete la irresponsabilidad de acostarse con la amiga de su esposa. ¿Entonces también acusan de racista a la serie?
Yo no entiendo, a no ser que se desee volver a las telenovelas de casas bonitas, historias banales, en las que resulta difícil encontrar un parlamento inteligente. Espero que por la opinión de parte del público, la televisión no vaya a retroceder en propuestas que han recibido el aplauso de investigadores.
Por ejemplo, el doctor Julio César González Pagés, historiador, antropólogo y coordinador de la Red Iberoamericana de Masculinidades, afirmó hace un tiempo: “La televisión está cambiando. Últimamente está mucho más metida en temas complicados y eso, a veces, molesta a la gente. Cuando algo en la televisión se parece mucho a la vida la gente suele molestarse porque, inconscientemente, quieren escapar de los problemas cotidianos”.
Mientras, la doctora en Comunicación Isabel Moya ha dicho: “El género telenovela ha ido asumiendo, según los contextos, la realidad más inmediata y metamorfoseándola a los cánones del género”.
Se afirma que con otra serie, La cara oculta de la luna, la línea telefónica confidencial LineAyuda, del Centro Nacional de Prevención de ITS/VIH/SIDA, recibió cuatro mil doscientas cincuenta y seis llamadas contabilizadas y unos setecientos cincuenta correos electrónicos. ¿Funcionó o no aquella propuesta televisiva?
Sobre Bajo el mismo sol el reconocido crítico Joel del Río ha dicho: “efectivamente, a mí me ha gustado ‘Desarraigo’, porque me parece valiente en términos temáticos, digna si se tiene en cuenta el nivel muy elemental adoptado por estos espacios, y seria, porque se ha permitido trabajar a mediana distancia del lugar común y lo predecible. También es cierto que no la he disfrutado tanto como la primera o la segunda temporada, porque simplemente esta parte de la serie movilizó otras regiones de mi sensibilidad, y un diverso nivel de preocupaciones e inquietudes. Además, apenas me parece improcedente la comparación cuando desde el principio quedó bien sentado que cada temporada atendería un universo de temas y personajes bastante distintos”.
A Freddy Domínguez, el guionista de Bajo el mismo sol y de La cara oculta de la luna le hice esta pregunta: “El reconocido teórico y director mexicano Dr. Miguel Sabido, considerado, impulsor de series de entretenimiento con beneficio social -conocidas también como ‘telenovelas pro desarrollo’- dice que el fin de estas propuestas es que ‘la televisión comercial tuviera un beneficio social a través de las telenovelas, justamente un producto que está dentro de las casas de aquellos que más necesitan informarse’. Aunque la nuestra no es comercial sino de bien público, ¿qué piensas de esta afirmación? ¿Acaso en ti coexisten coherentemente intereses de orden sociológico con propuestas estéticas novedosas?”.
Su respuesta fue inmediata: “Aunque es cierto que nuestra televisión no se atiene a las reglas del comercio, ni nuestros productos tienen muchas posibilidades de competir en el mercado internacional, lo cierto es que no se puede olvidar la función primaria de la televisión y mucho menos en el caso específico de la telenovela. Ahora, comercial o no, no creo que la telenovela tenga que ser tonta, banal o frívola para seducir. Es cierto que es dueña de códigos que si no se respetan pueden dar al traste con la obra, pero depende en buena medida del talento y de las intenciones de los artistas y productores que intervienen en ella. En cuanto al papel social de la telenovela, creo que es el vehículo idóneo para transmitir cualquier mensaje. De hecho, las telenovelas que tanto criticamos no son nada ‘tontas’, en cuanto implantan un modelo en sus fanáticos. Lo que sí defiendo a toda costa es que no olvidemos que estamos hablando de una ‘telenovela’ que el público espera por determinados resortes para fijar su atención, a partir de ahí es la creatividad la que no tiene límites a la hora de decir. Y sí, creo que en mi obra procuro respetar esos códigos, pero con aires que renueven el lenguaje que uso y así poder transmitir un mensaje que llegue a mover a la reflexión”.
Este mosaico de opiniones escogidas, por supuesto, por compartir mis puntos de vista, tuvieron su contraparte en el foro de Cubadebate con mi comentario “Bajo el mismo sol: un necesario reflejo de parte de la realidad“. Si bien una buena parte de los que escribieron defendieron la serie, otros (u otras), por ejemplo, dijeron: “Si tenemos tantos problemas, ya sean personales, como sociales, familiares, ¿por qué a la hora del descanso también ponernos a ver los mismos problemas reflejados en un horario de relajación y esparcimiento? Necesitamos un poco de fantasía y cosas lindas para vivir, todo no va a ser la triste realidad. Los problemas son de la puerta para dentro, a la hora del descanso hay que relajarse. Y aquí hay talento para hacer buenas novelas”.
Incluso hubo quien subió la parada: “Pienso que más que todo, esta telenovela es una ofensa (para la mayoría) a los valores de nuestra sociedad, que tanto proclamamos y defendemos!!! No se puede ser absoluto, la vida tiene matices. En esta novela o todo es negro o es blanco, no existe un intermedio, alguien ‘normal’, va demasiado a los extremos”.
Creo que por opiniones como esa última se puso el famoso pitico en el lugar donde alguien decía una mala palabra. Pero, ¿qué es hoy día una mala palabra? En la calle, en los ómnibus, en el estadio, en cualquier sitio usted oye los sinónimos de pene y testículos en boca de niñas y niños. Los piticos sustituyeron a prostituta (el sinónimo), excremento (también el sinónimo, por supuesto), no a los ejemplos que desgraciadamente hoy se han hecho habituales. Y, ¿qué fue peor?, ¿el dichoso pitico o que se respetara lo que escribió el guionista?
Sálvenme todos los santos del panteón Yoruba y de otras congregaciones si pretendo defender esa forma procaz de hablar que de manera generalizada se ha entroncado especialmente entre los jóvenes. Siempre he creído que una mala palabra bien dicha en el momento oportuno vale más que diez frases. ¿Qué dice la mayoría cuando un martillo le machuca el dedo? Pero su uso indiscriminado, casi una constante en sitios públicos, es una falta de respeto.
Ahora bien, ¿es culpable la televisión de esa pérdida de pudor al hablar? No lo creo porque, cuando se han usado, han sido malas palabras menores, no de las “gordas”. Junto con mi amigo Rafael Grillo, escritor y crítico, pienso que “no son la radio, la televisión, el cine, sus directivos, u orientaciones partidistas quienes están imponiendo el gusto en Cuba, son los vendedores de DVD que bajan por las antenas los programas, desde series hasta videoclips, los que luego ofertan, vendiendo o alquilando a quienes tienen un aparato para verlos, en su casa, rodeado de familiares -niños incluidos-, sin que nadie cuestione la violencia o el sexo subido de tono”.
¿Qué hacer frente a esa avalancha? ¿Competir con ellas ofreciéndoles shows tontos, telenovelas banales o telefilmes insulsos? Creo que la televisión tiene una cuota de responsabilidad, sí, pero en jerarquizar lo novedoso, artístico y educativo que produzcan sus realizadores.
Después de las ocho y media de la noche los menores frente al televisor son una responsabilidad de los adultos. ¿O es que la familia ya no tiene ningún papel en educar a su prole? ¿Acaso esos mismos que gritan contra Bajo el mismo sol no son los que aplauden Passione, telenovela brasileña en la que un actorazo como Tony Ramos está haciendo el ridículo por un guión insustancial, repetitivo y lleno de tonterías? ¿Es eso lo que se debe filmar en Cuba con los poquísimos recursos que tenemos? Por supuesto que, aunque se quisiera, no se podría: con el presupuesto de esa entrega de O Globo en nuestra televisión se hacen no sé cuantas series.
Con la dirección general de Jorge Alonso Padilla y la de Ernesto Fiallo en la segunda parte, Bajo el mismo sol despertó polémicas porque fue aprehendida. En el balance de lo que se ofrece al televidente es lógico que no todas las telenovelas y series deban abordar dramas parecidos, la diversidad y el equilibrio son necesarios en una televisión de bien público. Pero ojalá no nos encontremos en adelante situaciones donde desaparezcan (en la pantalla) los gays, la violencia, las infidelidades, la corrupción, las escaseces, las casas de distinto confort, y comience una etapa debajo de un mismo sol rosado que aleje al cubano y a la cubana de hoy de su momento y de su entorno. En esta tierra no por gusto se dice que nos pasamos o no llegamos. Ojalá este no sea el caso.
(Tomado de El Caimán Barbudo)
deu no site http://www.cubadebate.cu/opinion/2012/03/20/tv-en-cuba-cuidado-con-propuestas-rosadas-en-los-dramatizados/

Puro Guerrillero: un singular homenaje de un joven artista al Che Guevara

El joven artista de la plástica Asnell González inauguró en la ciudad cubana de Cienfuegos la exposición personal Puro Guerrillero. Sus obras reproducen fotografías de Ernesto Che Guevara desde la originalidad que ofrecen las materias naturales.
Hojas de tabaco comparten protagonismo con el polvo de café colado. Las atrevidas texturas de ambos materiales disponen con su color los tonos del sepia. En tanto la presencia de la picadura de cigarro completa el sello identitario del artífice, quien descubre con acierto las sutilezas de las artes aplicadas.
El joven, Licenciado en Educación, aprovecha los saberes matemáticos para perfeccionar sus cuadros y aprende en el camino las posibilidades de creación que le propone la naturaleza: “Me han servido todos esos conocimientos para el arte por la vista espacial ya sea para pintar un rostro o para aprender a hacerlo en cuadrículas”, afirmó.
Seis piezas de cuarenta por cincuenta centímetros componen la propuesta que permanece abierta al público en la tienda Especializada de Ron y Tabaco “El Embajador”, única en la región central del país. Según Asnell, “veía las vitolas, las marcas de habano, los souvenirs que venían para promocionar el producto y me cuestionaba por qué no se hacían con la hoja de tabaco”.
El creador integra el Proyecto Naturarte de Villa Clara y compite en exposiciones efímeras auspiciadas por la sede de la Asociación Cubana de Artesanos Artistas en Cienfuegos, donde sobresale por su popularidad. Por lo pronto, planea trasladar la muestra Puro Guerrillero al Memorial del Che en la ciudad de Santa Clara.
(Tomado de Perlavisión)
deu no site http://www.cubadebate.cu/noticias/2012/03/20/puro-guerrillero-un-singular-homenaje-de-un-joven-artista-al-che-guevara/  

domingo, 18 de março de 2012

Disparada - Jair Rodrigues

A janela e o espelho - Emir Sader


A mais importante função da teoria nos nossos tempos é a de historicizar a realidade, isto é, a de demonstrar como toda realidade é produto da ação – consciente ou inconsciente – dos homens, revelar como foi produzida, quem a produziu, para desembocar em como pode – e deve – ser desarticulada e reconstruída conforme a ação consciente dos seres humanos.

O mecanismo mais alienante de todos hoje é o da naturalização do mundo: as coisas são como são, não podem ser diferentes, a pobreza, a miséria, as catástrofes sempre existiram e sempre existirão. Os próprios pobres não querem sair da sua pobreza. Os países pobres sempre foram e sempre serão pobres. A riqueza é produto do trabalho, do empenho, da seriedade de alguns países, enquanto o atraso é resultado de mentalidades retrogradas, de gente que não gosta de trabalhar, de preguiçosos.

Não por acaso, no auge do seu ufanismo, ideólogos do sistema capitalista proclamaram o “fim da história”. Houve história até o momento em que festejavam sua vitória. A partir dali se teria chegado ao suprassumo do desenvolvimento humano – economia capitalista de mercado e democracia liberal -, insuperável patamar da felicidade e da realização da civilização.

O capitalismo seria o ponto de chegada natural da história e a burguesia sua encarnação. A pós-modernidade é a teoria dessa visão. O abandono das grandes narrativas representa a renúncia à compreensão dos processos contemporâneos, que já não seriam nem possíveis, nem necessários. Faz parte de um ceticismo profundo, que marca esse pensamento e que contribui para o fatalismo.

A pós-modernidade se define contra a totalidade, contra a teleologia e contra o utopismo, sob o pretexto de lutar contra o totalitarismo e os reducionismos. Renuncia assim às grandes interpretações de compreensão global da realidade, mais ainda aos projetos de sua transformação. Contribuem para naturalizar a realidade.

Compreender o mundo é, sobretudo, historicizá-lo, entender como ele foi constituído da forma que o conhecemos e como a ação humana reproduz essa realidade. Para poder captar a forma pela qual é possível desmontar e reconstruir de outra forma essa realidade.

Dessa maneira podemos olhar a realidade não desde uma janela, como algo alheio a nós, mas como um espelho, reflexo da ação humana.

deu no blog do Emir

quinta-feira, 15 de março de 2012

El País y otros medios manipulan cables de Wikileaks sobre salud de Chávez

Presentan libro sobre Fidel en Ecuador

En el socialismo no hay lugar para empresarios: Leal


Enviado por telesurtv em 15/03/2012
En Venezuela existe la necesidad y la posibilidad de un salto hacia un Estado y una sociedad de trabajadores con la ayuda de Hugo Chávez y gracias a la agudización de la lucha de clases, señala Leovigildo Leal, periodista, historiador y sociólogo político militante del movimiento marxista "5 de mayo" de Brasil. Leal apunta que a la luz del marxismo no es posible un estado socialista "compartido con la burguesía", no hay lugar para los empresarios, apunta. teleSUR
http://multimedia.telesurtv.net

segunda-feira, 12 de março de 2012

La carcajada del Che

Por estos días, hace 55 años, el futuro de la Revolución cubana navegaba en un pequeño yate envuelto en la tormenta. Así lo cuenta el Che en sus Pasajes de la guerra revolucionaria:
“Teníamos muy mal tiempo y, aunque la navegación estaba prohibida, el estuario del río se mantenía tranquilo. Cruzamos la boca del puerto yucateco, y a poco más, se encendieron las luces. Empezamos la búsqueda frenética de los antihistamínicos contra el mareo, que no aparecían; se cantaron los himnos nacional cubano y del 26 de Julio, quizá durante cinco minutos en total, y después el barco entero presentaba un aspecto ridículamente trágico: hombres con la angustia reflejada en el rostro, agarrándose el estómago. Unos con la cabeza metida dentro de un cubo y otros tumbados en las más extrañas posiciones, inmóviles y con las ropas sucias por el vómito. Salvo dos o tres marinos y cuatro o cinco personas más, el resto de los ochenta y dos tripulantes se marearon. Pero al cuarto o quinto día el panorama general se alivió un poco. Descubrimos que la vía de agua que tenía el barco no era tal, sino una llave de los servicios sanitarios abierta. Ya habíamos botado todo lo innecesario, para aligerar el lastre.”
Esa ausencia de lastre, que acompañó toda la vida al combatiente revolucionario, me la ha hecho recordar una de las hijas del Comandante, Aleida Guevara March, quien se encuentra de visita en Argentina. Entrevistada en un programa de televisión, el conductor preguntó a Aleida qué había heredado de su padre y esta respondió: “Los ojos, la sonrisa…”, pero su interlocutor la interrumpió: “No, yo estoy hablando de propiedades… porque su padre fue el segundo o el tercero de los dirigentes de la revolución…” , lo que hizo a la entrevistada espetarle después de una carcajada: “Usted no tiene ni idea de cómo era mi padre”.
En su carta de despedida a Fidel, un clásico que obviamente el entrevistador de Aleida no ha leído, el Che escribió: “no dejo a mis hijos y mi mujer nada material y no me apena: me alegra que así sea. Que no pido nada para ellos pues el Estado les dará lo suficiente para vivir y educarse.”
(Tomado de La Pupila Insomne)
deu no site http://www.cubadebate.cu/noticias/2011/11/26/la-carcajada-del-che/

Convocan a integrar Brigadas Internacionales en homenaje al Che Guevara - 05/03/2012

      Al cumplirse este año el aniversario 45 del asesinato del Comandante Ernesto Che Guevara, el Instituto Cubano de Amistad con los Pueblos (ICAP), con sede en La Habana, convoca a integrar la Brigada Internacional Por los Caminos del Che.
Según el programa, la brigada permanecerá en Cuba del 1 al 14 de octubre, y están previstas visitas a centros y lugares vinculados al Che, sobre todo en la central ciudad de Santa Clara, donde libró la batalla que lleva el nombre de esa urbe y en la cual se encuentra el monumento que guarda sus restos.
Los brigadistas compartirán con familiares del Che y compañeros, y sostendrán encuentros con algunos de los combatientes que estuvieron junto a él en la Campaña de Las Villas y la guerrilla en el Congo.
La Brigada Internacional Por los Caminos del Che, que convoca el Instituto Cubano de Amistad con los Pueblos, es el homenaje que las naciones del mundo tributan al legendario Héroe argentino-cubano.
Para obtener información sobre esta experiencia, escribir a infoicap@icap.cu
(Con información de Radio Reloj)
deu no site http://www.cubadebate.cu/noticias/2012/03/05/convocan-a-integrar-brigadas-internacionales-en-homenaje-al-che-guevara/

sábado, 10 de março de 2012

Filme brasileiro quer mostrar mudanças em Cuba sem estereótipos - 09/03/2012

Fugir do lugar comum e mostrar a vida de um país que passa por profundas mudanças. É esse o objetivo do documentário brasileiro “Cuba, Mucho Gusto”, que estréia em festivais nacionais no segundo semestre. Feito em parceria com o ICAIC (Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográficas), o filme do diretor Caetano Cury traz a visão de intelectuais, artistas e personalidades cubanos sobre as reformas promovidas no país caribenho desde a chegada de Raúl Castro ao poder, em 2008.




Mudanças permitiram a criação de diversos pequenos negócios em Cuba,
como bares e restaurantes / Foto: Divulgação


O filme traz, entre outros, o depoimento de Mariela Castro, filha de Raúl e atual diretora do Centro Nacional Cubano de Educação Sexual. Ativista dos direitos da comunidade gay em Cuba, Mariela aponta que as mudanças no país nos últimos anos não ficaram restritas apenas ao campo econômico.

“No início do Terceiro Milênio, com o que já se havia avançado e com toda a criatividade que as pessoas tiveram de desenvolver durante o Período Especial dos anos 1990... eu creio que este foi o cenário que criou as condições para que pudéssemos chamar a atenção para outras realidades e outras formas de discriminação que antes não estavam incluídas no discurso político”, diz Mariela durante o filme.

Para Carolina Guidotti, diretora da Cinevídeo, produtora brasileira responsável pelo documentário, a ideia é quebrar também os estereótipos políticos e sociais mostrados em festivais cinematográficos a respeito do país. “E mais que isso, nosso objetivo é tentar aproximar esse país, que é tão rico e tem tanta cultura, do Brasil. [Buscamos fazer isso] por meio da cultura e das artes. Por isso escolhemos esse lado, mostrando o potencial da educação, do desenvolvimento, das produções culturais do país. [Assim], mostramos a riqueza da arte e da cultura de Cuba”, afirmou em entrevista a Opera Mundi.

A equipe de produção do documentário ficou em Cuba por cerca de 40 dias em busca de personagens que pudessem retratar as mudanças na ilha caribenha.

Nos últimos anos, o presidente Raúl Castro aprovou uma série de reformas estruturais para dar dinamismo à economia do país. Com as mudanças, os cubanos agora podem vender e comprar casas e carros. Além disso, mais de 160 profissões antes consideradas irregulares receberam permissão do governo, incentivando o trabalho por conta própria entre os funcionários do governo que foram demitidos.

O filme mostra ainda questões consideradas polêmicas como o tratamento dado à comunidade gay no país. Um transexual entrevistado relata que “atualmente é muito mais fácil ser transformista em Cuba do que em outros lugares do mundo, já que aqui somos tratados como artistas”.

Entrevistas e produção

De acordo com Carolina, os entrevistados foram selecionados pelo próprio diretor do longa a partir de um trabalho extenso. “Na pré-produção, ele conversou com mais de 50 pessoas e depois dessa fase ele selecionou aquelas pessoas que ele achava que poderia dar um fio-condutor na história”, completou.

As gravações do filme duraram cerca de 40 dias e foram divididas em duas etapas, em julho e setembro do ano passado. Segundo Carolina, a produtora não teve nenhuma dificuldade para produzir o filme, seja no período de pré-produção, quanto nas filmagens.

“É um documentário com o qual queremos atingir um público formador de opinião, um público que vai discutir a questão. Nós queremos mostrar a vida do cubano. Como ele se diverte, o que pensa, o que faz”, concluiu.

Um promo de cerca de 20 minutos foi exibido durante um festival internacional de cinema em Havana, realizado no último mês de novembro. “Houve uma recepção, que foi aberta ao público, e contou com a presença de convidados”, disse Carolina. Ela planeja um evento especial, dedicado a Cuba, para exibir o filme ao público brasileiro fora dos festivais.

Fonte: Opera Mundi

deu no site http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=177673&id_secao=11

Emir Sader: O discurso da direita - 10/03/2012

A direita brasileira tem no seu DNA o golpe de 1964 e a ditadura militar. No momento mais decisivo da história brasileira até aqui, quando se jogava o futuro do país, no choque entre democracia e ditadura, a direita – em todas as suas vertentes, partidárias, intelectuais, midiáticas, empresariais, religiosas – ficou com a ditadura.

Por Emir Sader, em seu blog

A boa pergunta a cada homem público, a cada instituição, a cada força política, a cada jornalista, a cada intelectual, a cada brasileiro, a cada cidadão, é saber onde estava naquele momento crucial: defendendo a democracia ou apoiando o golpe e a ditadura militar?

Por isso os constrangimentos desses setores todos para se referir àquele período da nossa história. Tratam de esconder sua postura na ruptura da democracia, para deslocar tudo para os momentos em que foram vítimas do próprio monstro que ajudaram a criar como, por exemplo, na censura a órgãos de imprensa. Querem deixar de passar como verdugos para aparecerem como vítimas da ditadura cuja instalação eles apoiaram. Ou para anularem o papel de verdugos e vítimas, igualando e anulando aos dois.

Como a direita se refere agora à ditadura? Há vários discursos. A ultra direita –incluindo setores militares – segue com o discurso dos militares no momento do golpe - reproduzido naquela época por todos os que os apoiavam – mídia, partidos de direita, igreja, empresários, etc., etc . – de que se tratava de um golpe preventivo, que buscava evitar um golpe da esquerda (?), que levaria o Brasil a ser um país comunista, como Cuba, China e a URSS (sic).

Teriam atuado então na defesa da democracia, literalmente diziam que era um movimento de defesa da democracia, contra o totalitarismo comunista. É o discurso que mantem a ultra direita, cívica e militar. Teria se dado uma “guerra” entre duas partes, uma defendendo a democracia, outra querendo implantar o “totalitarismo comunista”, triunfou uma delas, que deveria ser reconhecida pela nação como sua salvadora.

Desconsideram que tudo aconteceu porque eles violaram a democracia e impuseram a ditadura, eles destruíram o Estado de direito, prenderam arbitrariamente, torturaram, fuzilaram, desapareceram pessoas e seus corpos. Destruíram a democracia que o Brasil vinha construindo e impuseram um regime de terror, valendo-se do aparato de Estado, construído com os impostos da cidadania, para controlar e atacar o Estado de direito.

Por isso, eles têm medo da Comissão da Verdade, têm medo da democracia, têm medo da apuração do realmente aconteceu. Dizem que haverá “revanchismo”. Só se for a revanche da verdade sobre a mentira. (Como disse Dilma, na ditadura não há verdade, só mentira.) Da Justiça sobre o regime de terror. Da democracia sobre a ditadura. Quem não deve, não teme, não tem medo da verdade.

Outra versão - proveniente dos que defenderam essa primeira versão no seu momento, mas que pretenderam estar reciclados para a democracia - é a chamada “teoria dos dois demônios”, segundo a qual a democracia teria sido assaltada por duas forças antidemocráticas, que se equivalem, ambas totalitárias. Dizem isso, embora eles mesmos tivessem estado firmemente de um dos lados – o da ditadura.

Agora, reclicados como liberais, pretendem equidistância dos enfrentamentos entre duas propostas supostamente “totalitárias”, felizmente derrotadas pelo advento da democracia liberal. Não consideram que, quem assaltou a democracia – com o seu apoio –, foram os golpistas, que os da resistência a defenderam, usando do direito à rebelião, consagrado como direito universal.

Precisam esquecer 1964, daí que encaram a história brasileira depois do fim da ditadura. A direita brasileira não pode falar de 1964, do seu papel de promover as mobilizações e as articulações golpistas, do bloco que articularam, para promover a ditadura militar. Não pode fazer sua história. A ultra direita é mais sincera, mas é inaceitável pelos consenso liberais predominantes hoje, então fica isolada, como primo renegado da direita oficial de hoje.

A Comissão da Verdade é um momento que a direita, nas suas distintas versões, tem medo, porque tem medo da verdade.

deu no site http://www.vermelho.org.br/sc/noticia.php?id_secao=1&id_noticia=177627

sexta-feira, 9 de março de 2012

INACREDITÁVEL - Polónia : Deputado quer proibir cigarros CHE


Um deputado iniciou uma ação contra o distribuidor no seu país da marca de cigarros luxemburguesa Che, por "propaganda totalitária".

O deputado Stanislaw Pieta, do partido Direito e Justiça (PiS), anunciou ter desencadeado uma ação judicial contra o distribuidor luxemburguês Heintz van Landewyck por "propaganda de ideologia totalitária" pela comercialização da marca de cigarros Che.
Cada maço de cigarros desta marca presente em vários mercados europeus, da Grã-Bretanha à Alemanha e a Portugal, inclui e efígie de Che Guevara, um dos dirigentes da revolução comunista cubana e protagonista de várias tentativas de criação de grupos de guerrilha comunista na América do Sul e em África.
Guevara foi morto e capturado em 1967.
Segundo o deputado do PiS, a "lei polaca interdita a propaganda de ideologias totalitárias, sejam fascistas ou comunistas". Para Stanislaw Pieta é inadmissível que transformem "assassinos comunistas em icones da cultura pop", seria algo semelhante "à comercialização de maços de tabaco com as efígies de Goering ou Goebbels", dois dos principais dirigentes do regime nazi alemão.
A sociedade Rona Pologne, responsável pela comercialização da marca na Polónia, defendeu-se num comunicado em que afirma ser a marca vendida há mais de 20 anos em vários países europeus, e que a sua distribuição se rege pelas leis em vigor em cada país onde está presente.
deu no site http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=2350570&seccao=Europa

Da ditadura à democracia: elas não depuseram as armas - 08/03/2012

Duas mulheres. Duas vidas marcadas pela luta em busca de um mundo mais justo, igualitário, socialista. Por meios diferentes, dedicaram a vida à causa e sentiram o gosto acre da perseguição política, da privação de direitos. Dulce Maia foi a primeira mulher presa por participar da luta armada contra a ditadura. Liège Rocha viveu na clandestinidade e foi uma das pioneiras do movimento pela anistia no Brasil. O que mais essas mulheres têm em comum? Nunca depuseram as armas.

Por Vanessa Silva

O cenário são as décadas de 1960 a 1980. Jovens, de infância privilegiada, uma viveu em São Paulo e em Santos e a outra, no Piauí, Rio de Janeiro e Bahia. Dulce Maia foi militante da VPR – Vanguarda Popular Revolucionária, e participou de importantes ações armadas junto à organização. Liège Rocha não pegou em armas. Foi da AP – Ação Popular, que mais tarde seria incorporada ao PCdoB – e atuou na célula de serviço, preparando os “pontos”, ou “aparelhos”, para receber e esconder integrantes do movimento.

Dulce tem hoje 73 anos e vive em Cunha, no interior de São Paulo. Nascida na capital paulista, é a caçula de seis irmãos muito mais velhos. A família teve um papel fundamental em sua personalidade, explica: “eu venho de uma família muito liberal. Desde criança eu tive uma vida privilegiada. Minha mãe foi uma mulher combativa, muito atuante, foi uma militante mesmo”. Era folclorista e por isso percorreu todo o país e viu muita miséria e pobreza. “Ela era agitadora política, fazia verdadeiros comícios e esteve presa durante a ditadura de Vargas”, lembra.

“Tive uma infância de muita discussão, de uma convivência, desde muito pequena, contra a ditadura. (...) Eu sou a favor do socialismo e gostaria que existisse o comunismo. Eu lutei contra a ditadura. Pela liberdade, por justiça social. Foi o que minha família sempre pregou.”

Machismo

Revolução não era uma coisa só para guerrilheiros. De acordo com levantamento do Projeto Brasil Nunca Mais, dos 7.367 cidadãos brasileiros que foram denunciados perante a Justiça militar por atuarem contra a ditadura, 12% (884) eram mulheres. Segundo o ensaio “As mulheres na Política Brasileira: os Anos de Chumbo”, realizado pelo professor Marcelo Siqueira Ridenti, da USP, que considera apenas o conjunto das ações armadas urbanas, o número de envolvidas sobe para 18,3% em um universo de 4.124 processados.

Apesar de ser recorrente na sociedade brasileira, nem Liège, nem Dulce identificam no movimento revolucionário sinais de machismo. “Eu nunca senti esse tipo de discriminação no movimento estudantil. (...) Na militância em si eu nunca me senti discriminada por ser mulher. Nas passeatas, nós éramos perseguidos, homens e mulheres, fugindo das baionetas”, nos conta Liège.

Dulce concorda: “eu fui tratada com uma delicadeza muito grande. Como eu comecei a trabalhar com eles para mantê-los [organizava shows e eventos para levantar dinheiro e manter marinheiros, sargentos, cabos do exército e da marinha escondidos em São Paulo], isso criou uma relação de respeito, de companheirismo grande. (...) Nunca senti nenhum machismo”.

Nas prisões, as mulheres sofriam e sofriam tanto quanto os homens. Emocionada, Dulce desabafa: “eu fui muito tratada como macho”. Sem orgulho, como faz questão de enfatizar, diz que foi valente por ter resistido tanto. “Eu aguentei muito firme. Eles diziam que eu era macho, e digamos que era até um certo elogio partindo deles”. Sem conter a emoção, revela que atualmente não aguenta as dores que sente na perna, consequência da tortura e deverá ser operada em breve.

Maternidade

Quando questionada sobre qual era a principal dificuldade das militantes naquela época, Liège aponta a maternidade: “eu tive companheiras que vieram a se afastar [do movimento] por falta de sensibilidade com elas no pós parto, por exemplo”. Ela observa que muitas mulheres “terminaram dando suporte para seus companheiros. Eles avançaram e elas ficaram. Algumas companheiras que eram líderes tiveram que se afastar, foram impedidas de continuar na luta” por esse motivo.

Com três filhas (uma morreu ainda bebê), a militante da AP não deixou a luta por causa da maternidade, mas admite o alto custo: “sei que minhas filhas penaram por causa disso. Elas sofreram para a gente continuar na luta”.

Dulce optou por não ter filhos. “Por causa da luta eu achei que não valia a pena fazê-los correr riscos comigo”. Já em outro contexto, quando retorna do exílio, cria uma Casa Abrigo. “Eu achava que adoção não seria mais o caso dada a idade, dada a minha vida agitada, vários problemas emocionais e de saúde. Achei que não devia”. Mas, de maneira inusitada, um garoto do abrigo a escolheu para ser sua mãe. Adotou o menino (Isaías, hoje com 24 anos) e sua irmã (Luíza, com 25). Recentemente, foi tocada novamente e adotou mais uma moça, Vanessa, de 15 anos.

“Tenho três figuras lindas que me escolheram para mãe e eu estou muito feliz. Meu filho no dia das mães me disse: ‘mãe, obrigada por você ter-me deixado entrar na sua vida’”, recorda satisfeita.

Maternidade hoje

Para Liège, hoje as mulheres vivem outra realidade, mas muitas ainda têm essa dificuldade de cuidar dos filhos. “Hoje até para impulsionar o protagonismo da mulher tem que se levar em conta a condição feminina, que está relacionada com a questão da maternidade, com a divisão sexual e social do trabalho, com o público e o privado”. Ela exemplifica: “fomos educadas para o espaço privado e os homens para o público, mas nós adentramos no público. Só que temos a sobrecarga do trabalho doméstico, de cuidar dos filhos, de cuidar dos idosos. Nós mudamos com relação a estar no mercado de trabalho, na vida pública, mas sempre com essa sobrecarga. E isso dificulta a vida das mulheres”.

No entanto, ela pontua que talvez os homens não tenham essa dimensão, “por isso dizemos que não basta ‘eu ajudo a minha mulher’. Mas qual é o sentimento de compartilhamento? De corresponsabilidade? É diferente. Uma coisa é dizer que ajudo botando [uma coisa] no lugar, outra é ‘eu compartilho as responsabilidades’. As militantes se ressentem disso. Às vezes você não cria condições para que as mulheres possam participar tranquilas de eventos. Isso ainda é uma coisa que precisa avançar”, sentencia.

Elas não depuseram as “armas”


Maria Liége Rocha milita no movimento feminista desde a década de 1970. Fez parte do movimento feminino pela anistia na Bahia, e como ela ressalta, “foram as mulheres que saíram na frente [nesta questão]. Nós nunca paramos”. Hoje, com 67 anos é a Secretária Nacional da Mulher do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e participa da executiva da União Brasileira de Mulheres (UBM). Para ela, “a participação das mulheres e a própria trajetória da história brasileira são invisíveis para o conjunto da sociedade”. Reverter esse quadro é hoje sua frente de ação.

“Eu sou de uma persistência que nem eu imaginava. Teimosa”. É assim que Dulce se descreve ao comentar seu novo projeto, no qual trabalha há três anos. Depois de criar a Casa Abrigo e a ONG Serra Acima, agora ela está empenhada em construir a escola profissionalizante Carlito Maia (nome do irmão, publicitário que foi da resistência e um dos fundadores do PT). A ideia é oferecer um “ensino mais avançado, mais humanizado, voltado para a realidade” dos municípios do alto Vale do Parnaíba. Ambientalista, humanista, essa agora é sua nova trincheira de luta.

Da Redação do Vermelho

deu no site http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=177529&id_secao=8

MPF vai apurar violações do regime militar aos direitos humanos - 07/03/2012

As violações dos direitos humanos cometidas durante a ditadura militar no País (1964-1985) serão investigadas pelo grupo de trabalho Justiça de Transição, criado pelo Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro, por orientação da Segunda Câmara de Coordenação e Revisão do órgão, informou nesta quarta-feira o MPF.
Os crimes de quadrilha, como sequestro qualificado, ocultação de cadáver, além de outros delitos cometidos após a ditadura, que envolvam atos de impedimento da busca da verdade e da Justiça por parte dos investigados, também serão apurados pelo grupo. Para a Segunda Câmara, os agentes que se excederam e praticaram crimes no decorrer da ditadura militar agiram como representantes de todo o Estado, e não apenas de seu segmento militar.
A Segunda Câmara entendeu que tratados internacionais de direitos humanos firmados pelo País "impõem ao Ministério Público Federal e à Justiça Federal a investigação e a persecução dos ilícitos cometidos durante a ditadura militar no Brasil", segundo disse um dos integrantes do grupo, o procurador da República Luiz Fernando Lessa.
De acordo com Lessa, "desde o final do ano passado, as unidades do Ministério Público vêm se reunindo e se organizando para dar cabo dessa missão". Com a criação do grupo, o MPF poderá investigar os agentes públicos mesmo que o Ministério Público Militar tenha arquivado ou venha, eventualmente, a arquivar investigações em sua esfera de atribuição.
A decisão foi alinhada à sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos, organismo internacional ligado à Organização dos Estados Americanos, que condenou o País por violações de direitos previstos na Convenção Americana de Direitos Humanos, no contexto da Guerrilha do Araguaia.
deu no site http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5653253-EI7896,00-MPF+vai+apurar+violacoes+do+regime+militar+aos+direitos+humanos.html

Fidel Castro y Gabriel García Márquez


Enviado por cubadebatecu em 06/03/2012
Fidel Castro y Gabriel García Márquez, Premio Nobel de Literatura, son grande amigos. El Gabo conversa sobre su amistad con el líder histórico de la Revolución Cubana.

EE.UU. impide visita a Guantánamo, denuncia relator de ONU


Enviado por telesurtv em 09/03/2012
El relator especial de Naciones Unidas Juan Méndez denunció que sigue sin poder visitar la cárcel estadounidense en Guantánamo y otros centros de reclusión de ese país, que le impide el acceso. teleSUR
http://multimedia.telesurtv.net

segunda-feira, 5 de março de 2012

Cuba expone sus avances en biotecnología


Este lunes Cuba informará sobre progreso en la evaluación de la vacuna terapéutica contra la Hepatitis B, la única en su tipo en el mundo, desarrollada por científicos de ese país que también presentarán una vacuna contra la Hepatitis C y otras enfermedades, en el marco del encuentro internacional Biotecnología Habana 2012. El evento, al que asisten 600 especialistas de 38 países, pondrá énfasis en las aplicaciones médicas. teleSUR
http://multimedia.telesurtv.net

domingo, 4 de março de 2012

Fantasia (Chico Buarque) - MPB4


do canal Enviado por ArquivoRaissaAmaral em 11/12/2011
Música: "FANTASIA", de autoria de Chico Buarque de Hollanda, com arranjo de Magro e execução do MPB4.
Show Bons Tempos, de 1980, do MPB4, época do lançamento do disco com o mesmo nome.

sábado, 3 de março de 2012

Urariano Mota: O lugar do escritor no Brasil

29 de Fevereiro de 2012 - 15h23 As noticias nos jornais, que fazem da história real um eterno fla-flu, não deixam dúvida: militares da reserva atacam a presidenta Dilma e a ministra Maria do Rosário, por atos e declarações sobre a ditadura. A presidenta reage, militares fingem um recuo, e o jogo segue, em aparente 1 a 1.

A presidenta reage, militares fingem um recuo, e o jogo segue, em aparente 1 a 1. Mas a notícia maior, que vem sendo construída há mais de uma geração, fala mais fundo além dos jornais: durante este ano o Brasil passa pela Comissão da Verdade, a partir do Congresso Nacional. Diante disso, o que dizem as vozes estéticas do Brasil, alheias à superfície das páginas do noticiário? E os que usam a ferramenta exclusiva do verbo, os escritores, o que temos com isso?



A julgar por suas intervenções públicas, até aqui, nada têm a ver. Entenda-se. Não se exige dos nossos criadores obras de engajamento nas questões de peso da pátria. Não, e seria abusiva e estúpida tal exigência, porque exterior à escrita mais pessoal, onde têm vez e voz o mais íntimo de cada um. Mas escritores escrevem artigos ótimos, crônicas cultas, dão palestras brilhantes, entrevistas maravilhosas, espetáculos do mais fino humor, e entre uma exposição e outra do precioso ego, bem podiam dizer, falar, sugerir, recomendar algo como, por exemplo, “olhem, tem a ver conosco esta Comissão da Verdade. Ela é do interesse de todos os artistas”. E diante do silêncio de um entrevistador, cujas perguntas vêm antes da entrevista, o escritor perguntaria mais claro: “Você não quer saber a razão?”. E o show continuaria, se não com mais graça, pelo menos com mais verdade.

Mas tal não se vê, nem mesmo nos lugares de aparência livre de suas colunas. Por quê? Certo não é covardia. Se apostamos no grau de altura moral dos nossos irmãos, poderíamos dizer que este assunto urgente, de esclarecimento dos crimes da ditadura, para eles não vem à tona por uma certa, digamos, acomodação estética. Talvez uma estética de não ferir a boa vontade do dono, não da sua pessoa, pois nosso escritor é livre, mas de não ir contra a corrente dominante no meio. Ou de respeitar o espaço, que não é gratuito por todas as justiças. Quem trabalha, recebe, é justo. Quem paga, cobra, o que também é justo. Ora vá o escritor famoso à custa do jornal, pelo que o magnânimo editor acha, ora vá o dono da folha cair na fria de pagar para o que não lhe interessa divulgar. Um absurdo. Se assim fosse, não existiria justiça na terra.

Para que exista paz nas relações materiais do espírito, passemos a terrenos mais autônomos. Se o escritor nacional se ausenta do debate sobre a memória da ditadura nas aparições onde lhe pagam, onde o tema poderia causar no público um visível desconforto, e escritor, para a maioria no auditório, ou é um palhaço, ou um pop star ou um bibelô, passemos a outro campo. Passemos, mas de passagem imaginamos o desagradável que seria lembrar assassinatos, torturas e sua impunidade numa conversa educada. Imaginem a indelicadeza. Que assunto mais fora de tema, pois a concepção reinante de literatura se dirige mais para a excelência do criador que para o valor absoluto da realidade.

Passemos ao terreno mais pessoal, de conversas, de mensagens pessoais, de manifestações de escritores entre amigos. O desencanto é grande. Causa espanto a capacidade que têm os nossos romancistas, poetas, de se ausentar da vida brasileira. A maioria de todos, digamos maioria assim, para ressalvar as exceções, estão metidos na viagem e divulgação da própria criação. Pouco se lhes dá que não só os séculos, mas o presente histórico, aquele que vai além deste minuto, lhes solte gargalhadas quanto à maravilha de suas crias. Aquela mesma gargalhada que um dia Balzac soltou, em um jantar entre seus pares, ao ouvir de um deles “nós, criadores...”. O magnífico Balzac não se aguentou:

- Nós, criadores?!

E a gargalhada soou da altura de A Comédia Humana. Assim, para os nossos criadores, pouco se lhes dá agora o riso de Balzac dos séculos. Importa mais estar na onda, numa feliz adaptação do funk, “sou feio, mas estou na moda”. Ora, quando falamos da sua ausência da vida brasileira, como se isso fosse uma qualidade extraliterária, e, acreditem, não o é (perdoem essa construção), queremos dizer: os nossos escritores se ausentam de tudo que não diga respeito à sua extraordinária pessoa. Eles não refletem como agentes sociais, como pessoas que são chamadas à liça, como homens que sentem na própria pele a dor de um semelhante. Perdão, dor de um longinquamente parecido. Mas se assim é no geral, no particular exibem uma descrença – ou ignorância – que chega à raia do absoluto em termos políticos. Aderem fácil, fácil a qualquer onda de descrença em um governo ou pessoa ou idéias de esquerda. Mas isso, essa derrocada, para eles tem o nome de ironia, pose de mais altos estudos e vivências pós-muro de Berlim.

A esta altura sinto – mas não “sinto muito” – que o título do texto deu lugar a uma crítica negativa. Em outra oportunidade, espero sobressair mais o lugar do escritor do Brasil com os exemplos mais eloquentes de Lima Barreto, Joaquim Nabuco, Drummond, Machado de Assis, Graciliano Ramos... Agora, prefiro constatar que todos escritores temos uma arma, que está empoeirada sem uso: o nosso talento e sensibilidade para o que os generais e os príncipes jamais ousarão. Pois jamais os poderosos conseguirão algo que remoto lembre um Dom Quixote, um Rosa do Povo, um levante de consciências de levar os nazistas à queima de livros, a ponto de um general de Franco gritar “Morte à Inteligência”.

No entanto agora, neste minuto, neste presente, a literatura, a poesia do futuro, vem sendo construída à margem dos escritores. Logo, logo, esperamos, ela tomará o seu lugar, o lugar dela, que é seu por todos os direitos. Não por ora, que estamos cegos e distantes desta notícia:

“Maria Auxiliadora Lara Barcellos atirou-se nos trilhos de um trem na estação de metrô Charlottenburg, em Berlim… tinha sido presa sete anos antes, em 1969, no Brasil. Nunca mais conseguiu se recuperar plenamente das profundas marcas psíquicas deixadas pelas sevícias e violências de todo tipo a que foi submetida. Durante o exílio, registrou num texto… ‘Foram intermináveis dias de Sodoma. Me pisaram, cuspiram, me despedaçaram em mil cacos. Me violentaram nos cantos mais íntimos. Foi um tempo sem sorrisos. Um tempo de esgares, de gritos sufocados, de grito no escuro…’”

Por enquanto, essa breve tragédia ainda não fura a espessa couraça de nossos literatos. É só uma nota na tela.


deu no site http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=176789&id_secao=1

Anos de chumbo- Rubens Paiva foi torturado e não me entregou

 
Os militares que capturaram Rubens Paiva, em 20 de janeiro de 1971, diante da família, queriam saber a identidade de Adriano Deputado cassado pela ditadura, Rubens Paiva, mesmo sob tortura, não contou quem ele era nem que iria à sua casa naquele dia. Hoje, Adriano, elo perdido do caso Rubens Paiva, está sentado na cadeira de vice-prefeito e secretário de Meio Ambiente do Rio. Seu nome é Carlos Alberto Vieira Muniz.
Um relato escrito por uma professora, hoje aposentada e doente, revela detalhes do sofrimento de Rubens Paiva na Aeronáutica e no Exército. Há também uma prova física que desmente a afirmação, sustentada até hoje pelos militares, de que não sabem o que houve: um recibo com carimbo do Exército prova que o carro do deputado estava na Polícia do Exército.
A história nunca foi apurada porque os militares sempre impediram, com notas e ameaças, que se buscasse informação sobre esse e outros mistérios macabros do regime.
Muniz, o Adriano, era do Movimento Revolucionário 8 de Outubro, o MR-8, de Carlos Lamarca. Os órgãos de segurança procuravam os sequestradores do embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher, trocado por 70 presos. Rubens Paiva conhecera Adriano quando tirou do Brasil a filha de um amigo, ameaçada de prisão. Rubens Paiva não tinha ligação com grupo clandestino. Mais de 40 anos depois, Muniz recebeu a GloboNews e O GLOBO.
- Eu era o Adriano. Sou um sobrevivente. Rubens foi barbaramente torturado e não me entregou. Ele não era pombo-correio, não pertencia a grupo armado, não conhecia Lamarca. Rubens era uma referência, por sua grande experiência política. Gostava de trocar ideias com todos que estavam na oposição, inclusive os mais jovens, sobre a redemocratização e ajudava perseguidos a sair do Brasil.
Naquele dia, Muniz ligou para Rubens Paiva e confirmou que iria lá. Eunice (mulher do deputado) o protegeu.
- Ela, sempre afetuosa, atendeu nervosa e disse “Não, Rubens não está”, e me passou a sensação de que algo estava acontecendo. Era a polícia dentro da casa – diz Muniz.
Homens da Aeronáutica mantinham Eunice e filhos sob a mira de metralhadora, ouvindo os telefonemas pela extensão. Rubens já estava apanhando na 3 Zona Aérea do notório brigadeiro João Paulo Burnier. De lá, foi levado para a PE da Barão de Mesquita ouvindo pelo rádio do carro instruções: “Na casa da Delfim Moreira há uma senhora e quatro crianças. Quem está dentro não sai, quem está fora pode entrar, mas é grampeado”. Rubens sabia: era a sua casa e sua família sob ameaça.
Miriam Leitão / O Globo
deu no site http://www.correaneto.com.br/site/?p=22062 em 02/03/2012